quarta-feira, 18 de abril de 2012

2012-Abril-17/18 Um dia para rever Santa Cruz … à força – continuação. Alo! La Paz!

Beleza! Às 18h adentramos na sala de espera. Em seguida o aviso para os passageiros da Aerosul - dirigir-se ao térreo, Portão 1, para embarque. Descemos. Lá embaixo não havia ar condicionado. Apenas uns restinhos de ar fresco que desciam as escadas com algumas pessoas. O avião sairia às 19h10 e o embarque prestes a acontecer. Passados quinze minutos o aviso: Senhores passageiros da Aerosur, por motivos de conexões, o voo para La Paz sairá às 20h00. Inquietante notícia. Dali tudo poderia acontecer, inclusive o voo ser suspenso e a gente ter de voltar à cidade para se hospedar. Saímos da fornalha e fomos para o piso superior. Melhor. E aí acha coisa para fazer. A Carmen foi micrar e eu abri novamente o Hunger Games. Mas o meu sono atrazado se manifestava e de vez em quando me via mergulhando no livro, literalmente. Acabei o capítulo e saí, fui até a Carmen que estava numa mesinha da lanchonete. Dali dava para ver um jogo da Libertadores na TV, em que o uruguaio Defensor vencia o argentino Velez por dois a zero fora de casa. Não sei como terminou. E o chamado da Aerosur não vinha. Deu 20h00, portanto, todas as hipóteses pairando no ar. Preocupação geral. Eu aproveitei para falar com o hotel em La Paz e preveni-los de nossa chegada atrasada e consequentemente assegurar a nossa vaga. Finalmente, um funcionário veio chamar os passageiros para descerem e embarcarem. Entramos. E entra gente. Para não demorar na explicação, o avião saiu superlotado. Tinha até um cara alojado no banheiro de trás. Nós estávamos ali e vimos. Talvez houvesse gente nos bancos dos comissários lá na frente. O avião, pesadão como um hipopótamo, usou toda a pista e até parecia que não alçaria voo. Minutos de sufoco. Sem razão, é claro. Já dentro do avião, decifrei a estratégia da Aerosur. Tendo que gastar o mínimo, reunião vários voos num só. O avião que pegamos veio de Buenos Aires para Santa Cruz. Os voos de Cochabamba para Lapaz e o de Santa Cruz para La Paz previstos para o dia foram suspensos e depois reuniram-se com este de Santa Cruz para La Paz, com escala em Cochabamba. Agora, o avião era muito bom: tinha até bancos de couro e espaço para executivos. Chegamos à La Paz pelas 23h00. Até pegarmos as malas, tomarmos uma van (os passageiros da van não chegaram e deixaram o motorista na mão) e chegarmos ao hotel era meia-noite. As ruas já quase sem ninguém e o hotel fechado (hostal). Mas tinha uma funcionária que estava de plantão e nos acomodou. Até aqui não havíamos sentido nada mais do que uma tonteirinha por causa das alturas. Mas os sinais prometiam. No avião, eu tomei o comprimido comprado em Santa Cruz e a Carmen não quis. Mas nós dois nos demos mal. A noite foi cheia de dores de cabeça, enjoos, e tonturas. Sensação muito desagradável. Não se sabe o que fazer, pois sente-se mal em qualquer posição. De manhã, a Carmen levantou às 7h00 e disse resoluta: é preciso ter uma postura!
Dito isso, arrumou-se, tomou a câmera e saiu. Eu fiquei mais tempo na cama, pois estava sem condições de assumir posição tão firme. De firme eu não tinha nada. Ao levantar para ir ao banheiro tive de pensar um pouco como levantar da posição sentado na cama, pois era tontura, dor de cabeça, e fraqueza. Nessa altura, devo dizer que o nosso quarto é simplesinho, sem frigobar, com os móveis todos em pino eliotis (todo o hotel é assim) e com cobertas que não deixam a gente passar frio de jeito nenhum. O colchão é fofo e não é do nosso feitio, mas não está incomodando. A funcionária ofereceu um aquecedor elétrico, mas ao po-lo em operação, o cujo fazia tanto barulho que resolvemos deixá-lo silencioso, desligado. Creio que eu estava bem mais carente de um sono do que a Carmen porque ela conseguia dormir no avião e mesmo nos bancos do aeroporto. Eu, longo como sou, tenho muita dificuldade para tal. Ela voltou pelas 10h30 e eu recém havia me levantado, agora sentindo que havia me recuperado. Ela retornou suada de ter caminhado essas duas horas. Parara numa farmácia e comprara um comprimido autêntico para o soroche. Deu-me um. Eu ainda estava com dor de cabeça e me sentido tonto. Felizmente, a sensação de enjoo baixou do nível 95% para uns 5%. Tomei o comprimido para ver se acabava com tudo. Agora é aguardar. Ela sacou várias fotos, cada uma melhor do que a outra, como sempre. Eu nunca consigo chegar no nível dela. Como estava cansada, ficou no restaurante do hostal para colocar alguma coisa no estômago e tratar das fotos no micro. Eu fui caminhar. Depois vi que não caminhei todo o trecho que ela cobriu, mas pude confirmar que as ruas aqui do centro são dignas da fama. Lojas de artesanato uma ao lado da outra; roupas de todos os tipos; cores jorrando pelas calçadas, portas e janelas, o povo característico, com seus trajes históricos, a formigar de um lado para outro; os prédios antigos com sua beleza singular; a fiação da rede elétrica, uma barafunda inacreditável. Uma beleza estonteante, com surpresas a pipocar de todo canto, que deixa um fotógrafo amador bem louco, sem saber o que focar. Voltei. Carmen já havia feito o seu lanche e estava revendo as fotos. Pedi um almoço, um pouco receoso, pois afinal recém saíra (será mesmo?) de um soroche à força de comprimido. Veio salada, sopa e macarrão à bolognesa. Esse tipo de comida espero que não venha cutucar o meu enjoo sufocado e adormecido. A Carmen agora foi tirar a soneca dela. Enquanto isso aproveito para espichar estas mal traçadas linhas. São duas da tarde e parece que o meu soroche descansa. Que permaneça assim. Em tempo: o frio de La Paz não está tão tenebroso como era de se esperar. Na verdade, com os nossos casacos se passa muito bem. O dia está ensolarado e eu nesse momento uso apenas uma das minhas camisas de mangas compridas.
Inté.

3 comentários:

  1. Que delícia! Como vocês falaram, essa parada em Sta. Cruz foi muito boa, e teria sido melhor ainda se tivesse sido planejada... oh well! Pelo menos deu pra dar uma volta lá e também em La Paz. Gostei das notícias. Agora faltam as fotinhos da vovóca no blog!

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  2. Desculpa minha falta de cultura, mas não sei o que é "soroche". Deduzi que seja mal estar causado pela mudança de altitude... será?

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  3. Pois eh Deca, tb nao sei o que eh soroche, mas tb imaginei ser uma especie de reaçâo de altitude.
    Não nega a vocação de escritor.
    Parabens pelo blog

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