sexta-feira, 20 de abril de 2012


2012-Abril-18/19. Até a vista, La Paz!

Desliguei o micro depois de abrir e tratar os e-mails e os spams. Já era três da tarde. Fui ver como estava o sono da Carmen. Só de abrir a nossa porta do quarto, que range uma barbaridade, ela acordou. - Que horas são? Três. E se quisermos ver alguma coisa temos de ir logo, pois as cinco e meia o sol desaparece. Virou pro lado e ferrou novamente. Fui ao banheiro. Porta abre, porta fecha, e ela acorda novamente. - Tenho de levantar! Acho que sim. E sentou-se.
Saímos sem muitos agasalhos. Câmeras à mão, pés no chão! Andamos por várias ruazitas do centro, entramos na igreja São Francisco e já na porta nos atacaram informando que não poderíamos sacar nenhum tipo de fotos. Igreja enorme, escura como todas as outras que visitamos na Bolívia. Muitas imagens e adornos folhados a ouro. Voltamos para a calle e subimos e descemos, subimos e descemos, sempre despacito, para evitar o cansaço que, como todos sabem, nessas alturas vem com uma facilidade grande. Paramos em frente à praça da Catedral. Havia muita gente, crianças, mulheres com seus trajes típicos, e muitas pombas. Vários grupos de pombas buscavam farelos lançados por adultos e crianças. Entramos na catedral. Ficamos pouco. Percorremos outras ruas mais na parte de cima em relação ao nosso hotel e depois retornamos. Já era início da noite. Chegamos e entramos numa agência de turismo que está instalada no hall de entrada do hostal e ali iniciamos uma boa conversação com as 4 moças e Alex, o chefe, sobre as possibilidades turísticas para nós no dia seguinte, haja vista nossa experiência de hoje, quando conhecemos praticamente tudo no centro da cidade. City tour não nos interessava porque já havíamos visto o que queríamos e estávamos interessados em passeios nas cercanias de La Paz. No final acertamos um tour exclusivo para três pontos turísticos: Vale de la Luna, Vale Las Animas, e Canion La Palca. Sairíamos no dia seguinte às 7h30 e voltaríamos às 13h00 tendo ainda uma tarde para aproveitar o centrinho. Pagamos ali mesmo e fomos jantar na pizzaria do hall do próprio hostal. Tinha wireless e desembolsamos o micrinho e botamos mãos à obra. Quando abri meu e-mail, havia uma mensagem da Kanoo Tours, que nos organizou o tour no salar. Surpresa: está programada uma barricada na estrada que vai de La Paz a Oruro na sexta-feira e as rotas de ônibus estarão bloqueadas. Putz! E agora? No mesmo e-mail a moça responsável nos aconselhava a viajar a Oruro no dia anterior, ou seja, na quinta-feira, para garantir a viagem. Teríamos de cancelar nossa estadia em La Paz e arrumar hospedagem em Oruro. Primeiro pensamento foi cancelar o tour do dia seguinte e dedicar-se a resolver o problema. Fui até a agência de turismo e conversei com eles a respeito e fiquei mais tranquilo, pois me disseram que é muito fácil conseguir passagens para Oruro e mais fácil ainda conseguir hospedagem lá. Assim, mantivemos o tour do dia seguinte e escrevi para a moça responsável pela tour em Uyuni dizendo a ela que poderia escolher entre uma das duas soluções: ou ir quinta-feira à tarde para Oruro ou ir na sexta-feira de madrugada, se houvesse ônibus. Dei por e-mail o nome da empresa com a qual faríamos o tour nos arredores de La Paz, caso necessitasse um contato de emergência. No final das contas ela reservou passagens para quinta-feira à tarde, e nesse momento estou escrevendo dentro do ônibus, e são umas seis e meia da tarde. Ficamos sabendo disso no meio da tour, via celular do motorista. Bem, mas vamos voltar à noite de quarta-feira. Depois dessa notícia das barricadas e das conversas com o pessoal do tour do dia seguinte, fomos dormir. O soroche não se manifestava, a temperatura estava não muito fria, tomamos um bom banho quente – aliás, deve-se dizer que a água-quente desse hostal é muito boa -, e nos deitamos. Acordei às três da matina com dor de cabeça: o soroche manifestando-se. Com meus movimentos e acendidas de luz a Carmen acordou. Felizmente não estava com tonturas, mas para dormir assim não dava. Tomei meio comprimido de paracetanol esperei um pouco e fui deitar. Deu resultado. Às 6h30 o despertador tocou. Hora de arrumar tudo. Deveríamos deixar as malas na portaria, pois se devéssemos sair para Oruro na quinta-feira não permaneceríamos no hostal nessa noite. Tomamos nosso café, deixamos as malas e Moises e a van estavam nos esperando. Moises é um descentende de aymaras, fala aymara e também um espanhol muito fácil para nós. Dissemos a ele que conhecemos apenas o centro da cidade e que não havíamos visitado nenhum mirador. Ele se ofereceu para fazer essa parte do city tour dentro do nosso programa. De imediato nos levou ao alto da cidade, numa pracinha dum bairro mais tranquilo e residencial, donde se tinha uma vista fantástica da cidade. Dali nos deu várias explicações sobre o desenvolvimento de La Paz, e a forma de vida da população. La Paz fica entre montanhas, mas não são montanhas rochosas, são formadas de arenito e suas escarpas são suscetíveis de deslizamento. Desta forma, as construções estao sempre ameaçadas. A grande maioria das casas são de tijolos à vista, mas tijolos das próprias paredes, sem reboco. As moradias sobem montanhas até perder-se de vista. Depois, saimos para os pontos do programa, passando antes pela casa residencial oficial do presidente da república, no caso Evo Morales. Chegamos ao Vale de La Luna, onde se seguem trilhas no meio das formações rochosas. Terreno arenito e argila desgastado pela água mostra formações semelhantes àquelas que conseguimos com nossos castelos de areia lá na Praia dos Ingleses, só que em tamanho gigante, tipo assim de uns 20 a 25 metros de altura. Enquanto se caminha nas trilhas aparecem ao lado buracos que vão até os riachos subterrâneos que por ali passam. São águas que vem por baixo desde o lago Titicaca como também, e na sua maioria, do degelo da neve. Na cidade de La Paz, olhando-se para as montanhas e vendo a quantidade de casas lá em cima, amontoadas e praticamente ligadas umas às outras, perguntava ao Moises: como chega a água até lá em cima? E a resposta: a água vem ainda de cima, das montanhas. A conclusão era que, o cume da montanha que estávamos vendo, era o cume do alti-plano, que por sua vez, recebe agua das geleiras que estão mais altas e não podem ser vistas donde estávamos. Ficamos mais de uma hora no Vale de La Luna e acabamos comprando alguma coisa dos locais. A Carmen um cachecol e eu uma flauta. O cara queria me vender uma flauta de madeira de lei, mas acabei comprando uma de bambu, bem mais em conta. Mas valeu a ajuda. Dali rumamos para o Vale de las Animas (almas). Trata-se de paredões de mais de cem metros, desgastados pela chuva com formações espetaculares. Em continuação, e por uma estrada terrível, estreita, em descida para um canion, esburacada, iamos numa velocidade de uns 20 km por hora, no máximo.
Chegamos até lá em baixo e fomos caminhar no leito do rio, na realidade um reles riacho num vale grandioso, com paredões notáveis. Caminhamos a metade do programado e resolvemos voltar, pois se via que nada de novo encontraríamos e já estávamos bastante cansados. Dalí retoramos. Em La Paz também há rodízios de carros dentro da cidade, e a nossa van não poderia voltar até o hostal. Mas a empresa nos fretou um taxi para tal. No hotel, agora quase 3h00 da tarde, confirmamos nossa partida para logo mais, às 17h00 e fomos comer uma pizza. Acertamos a conta do hostal e pegamos o taxi até o terminal rodoviário. Fomos ao guichê da empresa transportadora e o atendente nos disse que retornássemos às 16h30. Compramos algumas coisas para comer durante a viagem, telefonamos para a agencia de viagem do salar para confirmar últimos detalhes e retornamos. O atendente nos levou ao box de outra companhia que nos alojou num ônibus leito, sem acréscimos. Legal. Saimos do centro e paramos na parte alta da cidade - El Alto, como eles chamam - onde há uma rodoviária tipo aquela do Estreito, onde os ônibus param para entrada de novos passageiros. Alí a gente presenciou cenas curiosas dignas de serem anotadas. A primeira é que há um movimento intenso de pessoas entrando e saindo do ônibus para vender de tudo, tipo jornais, bebidas, salgadinhos, roupas, produtos para saúde, etc.. Entram mulheres com seus filhos nas costas, ou com trouxas imensas que mal passam nos corredores. E incrível, o ônibus sai andando devagar como que para anunciar que está saindo mesmo, e continua o movimento de entra e sai de pessoas, passageiros e vendedores. O ônibus em que viajamos tem dois andares, sendo o de baixo o que tem os leitos e os de cima os comuns. Estamos bem em frente da porta e vemos o entra e sai direto. Bem, mas depois que partimos, a viagem está andando normal. Vamos ver como será a chegada em Oruro.

Vista de La Paz

Valle de La Luna

Valle de Las Animas
Até mais.  

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