2012-04-26 – Último
dia – Sucre.
Amanheceu com céu
claro e com um ar frio. Não tínhamos pressa e ficamos aproveitando
o hotel e estudando os prospectos sobre a cidade que colhemos na
portaria. O café da manhã foi o melhor até agora. Típico dos
nossos melhores hotéis. Fizemos nossas escolhas para o dia e fomos
para a praça central, onde havia uma agência de turismo.
Esperávamos receber dicas de como fazer aquilo que pretendíamos.
Entretanto, nos deram mais um folheto turístico e nos disseram onde pegar um
ônibus aberto para conhecer a cidade. Resolvemos fazer tudo por
nossa conta, até porque o tal ônibus só sairia às 12h30. O
primeiro já partira às 9h30. Caminhamos até o Mirador Ricoleta,
passando por ruas estilo colonial. Do mirador pode-se ver boa parte
da cidade, além de ser um ponto especialmente projetado para visita
turística. Há um café, o Café Mirador, com guarda-sois de palha e
cadeiras de preguiça. Conseguimos um lugar privilegiado e nos
largamos ali saboreando um suco de abacaxi e um capuccino. Nisso
chegou um grupo grande de bolivianos com bagagens para hospedar-se
no hotel que fica nos arredores. Aproveitamos para conversar com um
taxista e acertarmos a ida até o Parque dos Dinosauros. Em 15
minutos se chega lá. O Parque é muito interessante. Uma empresa de
cimento, ao cavar a montanha onde se encontra o mineral, descobriu
pegadas de animais pre-históricos. A montanha é explorada pela companhia de cimento demolindo-se fatias de mineral dispostas como se fosse um queijo
fatiado. Só que as fatias estão quase na vertical. A explicação é
de que ficaram nessa posição por causa das alterações das camadas
tectônicas na formação dos Andes. Então temos as pegadas expostas
numa parede. O lamentável é que a rocha é muito frágil e uma
quantidade de pegadas, eu diria as mais importantes, desabaram num
deslizamento. Mas ainda há muitas na parede. E há possibilidade de
encontrar-se outras por baixo das camadas. Mas quem vai ter coragem de tirar as camadas que ali estão expostas para saber o que há por baixo? Acho que não farão isso. Aproveitando o achado, os bolivianos montaram um parque onde mostram a história da formação da terra com todas as épocas. Exibem
modelos de animais pré-históricos em tamanho real e tudo
sonorizado. Há um guia que explica o que ali se vê e responde
perguntas. Numa parede há um modelo reduzido da parede onde estão
as pegadas e nela estão desenhados os tipos de animais que deixaram as marcas. Tiramos muita fotos e quando saímos... o nosso
taxista havia desaparecido. Imaginamos que ele tivesse pego uma corrida
extra. Aguardamos um pouco e ele realmente
apareceu. Mas disse que fora buscar água para o carro. Nos deixou
num shopping onde havia um restaurante que fora recomendado no hotel.
Realmente muito bom restaurante. Entrada, sopa, prato principal e
sobremesa por 35 bolivianos, algo em torno de 11 reais. Dali viemos
para o hotel dar uma descansada, afinal estamos em plena fase de
desaquecimento, pois o principal já foi feito. Saí sozinho no meio
da tarde e a Carmen ficou no micro. Surpreso, deparei-me com uma
manifestação muito grande de estudantes, professores e profissionais liberais. Acho que metade da população estava alí. Foguetes,
bombas, cânticos, enfim, uma manifestação ruidosa, pacífica e
muito bem organizada. Perguntei o que buscavam e me disseram que querem
aumento salarial ou redução de horas de trabalho. Os estudantes apoiam.
Ontem o presidente ao falar à nação disse que dava graças a Deus
por não ter feito faculdade e por não fazer parte da classe
universitária. Acho que isso causou certa revolta no meio
universitário e nos profissionais liberais. A Carmen acabou entrando
em contato com o Dan via internet e ficou no hotel até eu chegar.
Daí saímos para ir ao mercado público. Ali se encontra de tudo. É
muito grande. Misturam-se pessoas que têm boxes para explorar e
outras, aquelas velhinhas com roupas de andinos, sentadas no chão com seus
produtos. Tem também restaurantes, mas achamos o ambiente com muita
falta de higiene. Não nos agradou esse aspecto. Ao sair, já noite,
decidimos jantar cedo. Procuramos e achamos um bom restaurante na
Praça Central, e escolhemos uma mesa na sacada do primeiro andar,
com vista para a multidão. Pedimos filés com os molhos da casa. Eu
simplesmente pedi um que estava fotografado no menu e não me
arrependi. A Carmen também pegou um filé mignon com molho de
champignon e saiu satisfeita. Pagamos 134 bolivianos o que dá mais
ou menos uns 45 reais. Na calçada sentimos que um ar frio rondava os
caminhos da praça. Demos por encerrada a nossa excursão e rumamos
para o hotel. Na manhã seguinte partiríamos. A Aerosur nos mandou mensagem
confirmando o voo. Ufa! Era a nossa última preocupação. Aliás,
esta viagem poderia ter duas partes distintas e emocionantes: a das
atrações turísticas em si, o salar, as lagoas, as cidades
históricas, etc., e os lances de viagem, as viagens aéreas, as de
ônibus e as de trem. Só a de trem, de Oruro para Uyuni, saiu sem
nenhum senão. Todas as demais deram motivos para preocupações,
felizmente superadas. No final, valeu. E como!
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