Página 06 - 2013 - Cruzeiro - Espanha - Portugal - EUA

Amigas e Amigos
Esta página 6 vai relatar as impressões que tivemos na viagem com início no porto de Santos dia 22 de abril e término no dia 30 de maio de 2013. Foram três etapas distintas: uma viagem transatlântica Santos - Recife - Tenerife - Lanzarotti - Barcelona; uma estada de 4 dias em Barcelona; outra estada de 5 dias em Porto e Lisboa; e uma estada final em Niskayuna, na casa de filhos e netos. A primeira etapa produziu longas descrições, com detalhes exagerados talvez, porque havia tempo livre. A segunda, todos os relatos foram feitos com bastante atraso e por isso devem estar falhos e sem abordagem de tudo o que vimos. A terceira, de nossa convivência com nossos familiares, constou da descrição de alguns momentos prazerosos que tivemos. Então, vamos aos relatos.

ETAPA 1 - Cruzeiro Santos - Barcelona.




2013-04-22 – PARTIDA.
Para começar, iniciamos com um despertar florianopolitano às 5h00. Nem café tomamos. Só foi o trabalho de lavar o rosto, puxar as malas para a porta e chamar pelo táxi. As gatinhas rondavam sentindo que algo estava fora do normal. Mal sabiam que só nos veriam depois de quarenta dias. Mas estarão sob outros cuidados, tão bons ou melhores que os nossos. O taxista era dos que gostam de conversar e num instante estávamos colocando as malas nos carrinhos do aeroporto. Cartões de embarque na mão, resolvemos tomar um café com leite, médio, na cafeteria Conquilha. Facada na certa. Pois então, R$ 13,00, ou seja, R$ 6,50 por xícara. Mais que o dobro do valor do café do Bistro. Deixa prá lá. Passamos nas máquinas de revista e pediram para eu tirar o cinto. Mas a calça estava firme. Fomos aprovados. No avião, recebemos lugares na fila 1, a dos idosos, capengas, grávidos e deficientes. Voo tranquilo e logo estávamos em São Paulo, Guarulhos. Com as malas, fomos para a cafeteria Baloon, onde o pessoal do transfer nos pegaria. Alí ficamos umas duas horas segurando mesa com o consumo de dois cafés com leite. R$ 14,30. Conclusão, o café custa mais caro quanto mais ao norte nós estivermos. Foi aí que vi que estava sem o cartão de crédito. Ficara provavelmente no Stilo desde ontem quando fui ao supermercado. Ainda no estacionamento, ao entrar no carro, meus documentos esparramaram-se dentro do carro. Recolhi tudo meio no escuro e meu cartão, preto, deve ter ficado por lá sem que eu percebesse. Tomara que seja isso.
Ao seguirmos com o grupo de turistas em direção ao ônibus que nos aguardava, tive a sensação de pertencer a um pequeno rebanho de ovelhinhas guiadas por um pastor que sabia direitinho o que deveríamos fazer. E assim fomos conduzidos até o ponto de ônibus, doce e mansamente.  Fiquei a observar as pessoas que estavam conosco: amostra bem variada. Um casal - com respectivas mães - que no aeroporto já havia nos identificado como futuros companheiros de viagem pela simples observação de nossas malas etiquetadas,  seria depois uma das coisas escassas no cruzeiro: gente jovem. Os demais eram pessoas de nossa faixa etária. Fiquei envolvido com o acomodamento das malas no ônibus enquanto a Carmen embarcou buscando conseguir bom lugar, no que teve sucesso. Quando me liberei e fui entrar no ônibus, um casal graúdo estava na minha frente. A senhora era ligeiramente volumosa e sem exagerar, teve dificuldade de passar pela porta interna do ônibus, que separava a cabine do motorista do resto. Entrou de lado. Seu companheiro, o "Fidel", quase do mesmo tamanho, foi mais ágil, mas também teve dificuldade. Quando passei pela referida porta – não sei por que colocam portas tão estreitas nos ônibus – vi que os dois acomodaram-se um ao lado do outro, donde concluí que estavam bem desconfortáveis. O Fidel – a Carmen assim o chamou por causa da imensa barba à la Fidel Castro que ostentava – era daquelas pessoas que não sabem permanecer em silêncio e, apesar de não ser falador, resolvia seu problema assoviando baixinho músicas inexistentes, sem ritmo e sem melodia, apenas para satisfazer sua necessidade de se mostrar vivo.
Na viagem, peguei o livro que comprei no aeroporto – O tigre na sombra , de Lya Luft – e fui virando páginas. A Carmen não resistiu ao balanço do ônibus e logo cochilou. Seguidamente despertava em sobressaltos. Eis que paramos na descida da serra. Um caminhão desgovernou-se e tombou ao lado da estrada e o seu posicionamento, ainda que não ficasse impedindo a passagem dos demais veículos, causou transtorno, pois chegaram carros de polícia e outros de socorro que dificultavam o fluxo normal. Ao que parece, o motorista do caminhão acidentado ainda permanecia preso dentro da cabine totalmente deformada e semi-destruída. Passado esse episódio, penetramos na tranqueira de Santos. O ônibus ia devagar e parando seguidamente. Tudo muito chato. Chegamos ao local do embarque pelas 14h30. Aí, esperamos mais uma hora para fazer o check-in no navio, coisa que poderia ser bem melhor organizada. Escolhemos a fila dos “normais” em vez da dos “felizardos da terceira idade” porque a primeira era mais curta. Erro fatal: a dos sexagenários andava com o dobro da velocidade. Mas isso vimos tarde demais: já estávamos pela metade do caminho. Resultado: fomos almoçar pelas 16h00. Felizmente, o almoço foi excelente. Buffet variado e saboroso. Estômago forrado, sede saciada, veio a convocação para o treinamento de segurança. Todos os passageiros tiveram de ir até o deck 4 onde, em locais bem determinados para cada grupo, ficaram a esperar pelas instruções. Acontece que, no nosso caso e no caso da metade dos passageiros, tivemos de ficar sob o sol forte, de frente, pois ali era o lugar de receber as instruções. Depois de uma meia hora nos disseram que, se e quando tocar o alarme, deveremos nos deslocar até o local onde estávamos. Pronto, acabou o treinamento. Ah! Um dos instrutores mostrou como se coloca a jaqueta de segurança. Depois, fomos andar pelos andares superiores para ver o que há por lá. Já estava começando uma festa na área da piscina, com barulheira total. Iniciamos nossas reportagens fotográficas e por certo a região do porto de Santos ficou bem documentada. Baixamos à nossa cabine – sexto andar – abrimos as malas e organizamos as roupas nos armários. 



Tudo nos lugares, estávamos prontos para o primeiro jantar a bordo, marcado para as 19h00. Foi ali que conhecemos Alfeno e sua mulher Maria de Fátima; a mãe de Alfeno, Terezinha; a amiga de Terezinha, Marli, todos de São José do Rio Preto, SP; e ainda Sônia, de Petrópolis, RJ, que viaja sozinha. Quatro cadeiras ficaram desocupadas na nossa mesa. Dona Terezinha e Dona Marli são veteranas em cruzeiros, enquanto que o casal e Sônia são estreantes. O jantar foi ótimo, e para quem quiser saber os pratos servidos, aí vai:
Entradas: saladas (três tipos); peixe defumado com vegetais (meu eleito); torta de cebola com vegetais (eleita da Carmen que disse ser uma torta semelhante a um quiche) e outros que não lembro.
Principal: salmão grelhado com vegetais, bacalhau com vegetais, e massa.
Sobremesa: havia umas três opções, mas todos pediram Pavlova com morangos.
Do cardápio de bebidas, todos escolhemos água da casa. Eh eh eh.



Dali decidimos ver o que se passava no teatro e eis que ali ocorria um show musical bem interessante, com grupo de dança exibindo maestria em ritmos tipo lambada, sertanejo, etc. Coisa boa e bem feita. Saímos antes de terminar porque pegamos o encerramento da primeira sessão. Nosso destino era descansar, pois o dia foi longo e cansativo. Essas viagens com longas esperas e com aguardo de transfers deixam a gente sem ânimo para outra coisa senão dormir.

2013-04-23 – NAVEGANDO.
A noite foi reparadora. Precisávamos dela. Ao deitar, tínhamos dúvidas se estranharíamos ou não  o balanço do navio. Estávamos em andar alto (sexto) e quase na proa, o que por si só significa maior chance de embalos. Dava para sentir a lenta oscilação, para a direita e para a esquerda, mas nada que fosse exagerado.  O fato é que, durante a noite, nem percebemos os movimentos do navio. Só eu, quando acordei por momentos de madrugada, percebi ruídos dos esforços nos móveis e quem sabe na própria estrutura do navio a medida que avança. São quase inaudíveis e regulares marcando o compasso dessa imensa banheira flutuante.
Os lençóis impecavelmente brancos e o colchão firme e macio da cama king size convidavam a um longo descanso. E assim foi. Depois da noite reparadora, nada melhor do que um bom desjejum.



 Após o café, acomodei-me numa cadeira no ambiente da piscina coberta – que àquela hora estava com pouca gente -  abri o livro e assim fiquei até próximo das 11h30. Enquanto isso, a Carmen vasculhava os cantos mais remotos do navio. Pouco antes do meio-dia deu tempo para um aperitivo. A essas horas ela já sabia tudo sobre o navio: restaurantes, teatros, academia, cassino, etc. Fizemos um tempo e pelas 13h30 fomos almoçar. O grande problema aqui é parar de comer. É preciso muita disciplina para evitar os buffets repletos de pratos saborosos. Para mim, hoje, o tal de frango com curry estava demais, ligeiramente apimentado, com aquele gostinho de prato indiano. Uso a tática de colocar meio prato de legumes antes de qualquer outra coisa, porque senão fico sem verduras e legumes. No final, a gente fica se lamentando de não ter experimentado tudo. A pergunta de sempre, ao sair: será que repetirão o cardápio no dia seguinte? É a grande dúvida.
À tarde, aproveitamos para descansar, nem sei bem o porquê, talvez pelo cansaço da prolongada refeição. Enquanto eu terminava meu livro, a Carmen pôde tirar uma boa soneca. Depois, ainda no quarto, examinamos os folhetos para decidirmos o que fazer nas ilhas de Tenerife e Lanzarotte. Creio que fizemos boas escolhas, optando por excursões panorâmicas. Feito isso, saímos a zanzar pelo navio. Em diferentes oportunidades, encontrei três amigos. Também, como a gente não se encontraria alguém que se conhece se estamos todos confinados nesse panelão?  Um deles é ex-funcionário do Besc e ex- colega de curso de inglês em Florianópolis, quando ainda não tínhamos viajado para os EUA em 1974. É pessoa que já esteve várias vezes em Barcelona e em Portugal e quer nos dar dicas sobre lugares interessantes. Outro é ex-professor da UFSC, ex-aluno meu da primeira turma na engenharia e ex-colega professor que está aqui com esposa e parentes. O terceiro é do LIC, recém deixou a presidência do clube e quer desestressar, segundo me disse.
Nossa janta - minha e da Carmen - será sempre às 19h, na mesa 32. Hoje a 32 ficou lotada. Apareceram novos companheiros: um casal que morou em São José do Rio Preto e agora vive em São Paulo, e duas senhoras do Rio Grande do Sul, sendo uma delas, Carmen, comemorando aniversário, e por isso com direito a Parabéns a você, etc. Os demais ainda não sabemos os nomes. Na foto, essas das estão bem ao fundo.
Eu e Carmen pedimos coqueteis de camarão para entrada, e como acompanhamento, a Carmen pediu Ceasar Salad  e mais um espetinho de frutos do mar, que tem um nome muito afrescalhado que não deu para gravar (hahaha). Eu pedi filé mignon, que foi uma pedida ruim, pois eu sonhava com um medalhão grelhado, suculento, e vieram duas fatias boas de assado, é verdade, mas sem brilho, pálidas. Faltava o tostadinho de fora. Pelo menos estavam macias.
Fomos para o teatro e às 22h assistimos um belo show denominado Terra Brasil, com uma hora de danças, a maioria do Nordeste e do Sudeste. Valeu a pena. Principalmente pelo colorido das fantasias e pela beleza das danças em si. As músicas, que caracterizavam as regiões e estados, eram as que a gente ouve seguido.
Resultado de tudo é que fomos dormir pela meia-noite. A noite estava nublada e não dava para ver a lua cheia. Só de madrugada, quando levantei para ir ao banheiro, vi que ela brilhava por entre nuvens. O mar tem andado agitado, embora não violento. O navio sacode bastante, geme, deliciosamente. Algumas pancadas de chuva também ocorreram no caminho desde a metade da tarde de ontem.





2013 – 04 – 24. MAIS UM DIA NO MAR.
Carmen levantou disposta e se foi ao restaurante achar um lugar especial, com vista. Quando cheguei, ela já estava com um belo pratos de frutas, sentada à janela, com vista panorâmica sobre a proa do navio. Desta vez, passado o entusiasmo do primeiro dia, nosso desjejum foi mais leve, pois sabemos que não poderemos seguir no ritmo de ontem. Saímos dali e fomos reconhecer o movimento na academia. Estava tranqüilo. Então, voltei à cabine, troquei de roupa e fui decidido a queimar gorduras. Ao retornar à academia, já estava cheia. Mas fiquei por ali e consegui fazer a maior parte dos exercícios. Depois ainda dei quatro voltas na pista do deck 10, o que equivale a uma milha. 



Foi uma hora de ginástica que valeu a pena. Deixei algumas calorias pelo caminho. Em seguida, 11h45, tentei achar a Carmen. Quando fui para a academia, ela foi bordar no lounge do deck 11, onde há uma bela vista panorâmica da área da piscina e da pista de caminhada. Depois, continuou bordando, porém, na praça central do deck 5, onde havia a inauguração de uma loja de relógios que contou com a participação do capitão. Logo a encontrei, com uma taça de champã na mão, a conversar com um casal paulista. Fui atrás do “meu” champã, mas já havia acabado. Com isso chegamos à hora do almoço. De novo aquela exposição louca de alimentos. 




Já havia aprendido: antes de pegar pratos e talheres devo caminhar pelos corredores do Buffet, planejar meu cardápio particular, e só depois começar a me servir. Normalmente sirvo-me de pequenas porções de cada prato selecionado e depois, se quiser, repito. Com isso, descobri que os cubinhos de porco com molho tipo oriente estavam fora de série. Qualquer dia vou fazer um almoço ou janta só de hamburger. Há um Buffet completo com diversos ingredientes para se montar hamburgeres (será que esse plural está correto?)  da forma que mais agradar. 
Depois do almoço descansamos e em seguida saímos para aproveitar os ambientes da piscina coberta. Achamos uma mesa na janela e enquanto conversávamos, tomamos um caldinho de brócolis, uma sopa, na verdade. Dalí fomos ver as lojas e constatamos que tudo é muito caro. Não é que nem no Princess onde dava para se comprar alguma coisa. Depois disso fomos procurar a sala de internet e soubemos que o custo é de U$ 0,55 por minuto. Talvez no outro trecho da viagem a gente utilize os serviços, embora o próprio pessoal da loja diz que a internet está muito, mas muito ruim. Visitamos também a biblioteca e constatamos que não tem livros bons. Sentamos no hall maior do navio onde iniciava uma apresentação de dupla romântica de cantores, mas logo tivemos que nos dirigir para a sala de jantar. Um dos casais parece que vai deixar a nossa mesa pois teria encontrado amigos e arrumado transferência para outro local. Depois da janta fomos ver o show do Elvis Presley. Um brasileiro imitando o americano. Tem voz boa, mas o show, que força muito a participação da platéia deixa a desejar, pois como a Carmen disse, parece uma assembléia de igreja evangélica: todo mundo com braços para cima sacudindo para lá e para cá. 
Depois disso, demos por encerrado o dia. Amanhã tem Recife pela manhã.

2013-04-25 – RECIFE.
Tomamos nosso café pelas 8h. Daí presenciei a manobra de atracação do navio. Só vendo para acreditar. E eu sem a câmera. O manobrista realmente tem de ter experiência e conhecer o local. O navio entrou pela proteção das muradas de pedra e seguiu pelo canal. Ao chegar ao local onde atracaria, fez a volta no canal e isso me impressionou demais. Começa que o comprimento do navio é comparável com a largura do canal. Então as manobras para fazê-lo virar 180 graus devem ser extremamente precisas. Eu estava lá em cima, quase na popa, e via a frente do barco praticamente acima da linha do cais do porto. Parecia que o navio subiria no cais. Aquele monstrengo girando em frente ao porto e se aproximando cada vez mais. Em certo momento, achei que haveria uma barbeiragem e bateríamos no cais, mas nada disso. Tudo saiu perfeito. Ficou a uns 8 a 10m do cais antes de parar e prosseguir de lado até a posição final. Agora entendo porque esses navios precisam do tal de “prático” para atracarem. Creio que os práticos têm tanta ou maior perícia do que os pilotos de aviões.
Depois disso, saímos com as primeiras turmas. A Royal Caribean colocou ônibus à disposição para nos transportar até o Shopping Paço Alfândega.



Vista parcial de Recife - onde o ônibus nos deixou. Lamentável a sujeira no leito do rio.


Este shopping é pequeno e fica do lado de uma unidade da Livraria Cultura. Onde paramos havia uma cafeteria com wifi. Aproveitamos. Não saímos para outros pontos de Recife. Estava um dia quente e não dava vontade de sair caminhando. A internet no navio é péssima e só faríamos contato em Barcelona. Se desse, no navio tiraríamos um dia para colocar as notícias em dia.
-o-o-o-
Depois de passarmos os emails caminhamos pelo centro histórico visitando uma grande loja de artesanato e recarregando o celular da Carmen. O calor era grande e resolvemos, com muitas outras pessoas, retornar ao navio. Almoçamos e voltamos à cabine. Depois do descanso – eu cheguei dormir uma hora – fomos andar pelo barco para apreciar a partida. Todo o tempo desse dia girou em torno da comunicação via mensagens, emails ou telefonemas com Floripa. Foi muito bom estar conversando e sabendo notícias de todos. Os sinais das nossas operadoras oi e TIM deixaram a desejar, mas no final das contas, deu para a gente se comunicar. A Vivo tinha sinal forte mesmo durante a viagem em alto mar. Víamos pessoas telefonando e nos diziam que era pela Vivo. Durante e depois da partida, a Carmen tirou n fotografias e eu fui iniciar a leitura do livro “El túnel”, de Sabato, que tenho em pdf.  Há um ambiente, na realidade uma ante-sala, de restaurante pago no deck 11, que está quase sempre vazio. Algo parecido com a boite que ficava na popa do Princess, só que em tamanho reduzido. É lugar ideal para leitura. Como isca, o garçom do restaurante deixou um cardápio na mesinha junto a qual eu estava instalado. Nem olhei. 



Lounge do Chops Grills - Ideal para leitura


Às 18h a Carmen chegou e mostrou-me as fotos – excelentes – do por-do-sol recém ocorrido. Enquanto me mostrava, vimos que a lua cheia despontava no horizonte. Pronto, saiu ela para a pista de caminhada para registrar o evento. Encontramo-nos depois no final do navio, onde há uma parede de pedra para escaladores de despenhadeiros. Avaliei a altura nuns dez metros. Um instrutor guiava os interessados na subida da parede. Muito legal. Alguns ficam pela metade do caminho e quando despencam, ficam suspensos pelas cordas controladas pelo instrutor. Creio tratar-se de esporte interessante, sem perigo, pelo menos ali, com o instrutor orientando e segurando as cordas. Exige força nas mãos e agilidade para subir parede acima. 





Pelas 19h já estávamos com fome porque não fizemos lanche da tarde. Desistimos de ir ao jantar do capitão por falta de vontade de se emperiquitar. Fomos jantar no restaurante que todos os dias usamos para almoçar. E vimos que a janta é muito variada, de qualidade igual ou melhor do que a do almoço. A grande preocupação é que, com tanta coisa gostosa à vontade, a gente come MUUUIIITTOOO.




Aproveitando a varanda da cabine 6006 do Splendor of the Seas


Voltamos à cabine. Desistimos do show das 22h, que é cantoria de forró. A Carmen estava bem cansada das caminhadas sob o sol nordestino, e eu decidi aproveitar para prosseguir entrando en  El túnel...


2013-04-26 – CRUZAMENTO DO EQUADOR
Era dia de passar ao Hemisfério Norte. Pouco antes das 8h subimos ao deck 9 para ver a Ilha de Fernando de Noronha. O navio passou bem perto e pudemos matar a saudade. O dia estava ensolarado e era possível notar as praias, as edificações mais proeminentes e até alguns carros. Em termos de beleza, logicamente a vista que se tem do navio deixa muito a desejar se compararmos com a vista que se tem a partir da própria ilha. Lembro-me bem do azul do mar e das cores dominantes que víamos quando percorremos a ilha. De longe não é a mesma coisa. Mas valeu pela vista das linhas das montanhas, do reconhecimento dos locais em que estivemos há alguns anos.




 Em seguida, tomamos café - 8h - e, sem comer muito, saí para a academia deixando a Carmen ainda no refeitório. Cheguei lá pelas 9h e já estava quase que tomada. Mas deu para usar os principais aparelhos e achar um lugar no chão onde pude estender um tatame. Após os exercícios, dei três voltas na pista de caminhadas no deck 10. Esta pista tem ¼ de milha e é emborrachada. Há uma foto anterior que mostra a pista. Estava pronto para um banho e foi isso que fiz. A Carmen durante esse tempo ficou entretida com um casal que se sentou à mesma mesa do café. Encontramo-nos na cabine quando eu estava pronto para sair. Peguei o notebook e retornei ao ...”El túnel” nas poltronas da livraria, deck 6, o nosso deck. Carmen saiu a tirar fotos, passear nas lojinhas e caminhar pelo navio. Acabamos não nos encontrando para o almoço. Ela esperava-me no restaurante e eu no hall central.




Hall central - deck 4


 Encontrou-me depois do almoço. Subimos então para o restaurante onde ficamos na mesma mesa em que ela almoçara, isto porque a portuguesa Carlota, para a qual a Carmen havia cedido o lugar quando saía, ainda estava lá e encerrando. Ficou conosco dando dicas do que ver na cidade do Porto, porquanto ela é de lá. Muito simpática a portuguesa. Almocei enquanto conversávamos,  e a Carmen aproveitou para comer mais algumas frutas. Enquanto estávamos ali, percebemos que muitos peixes pequenos saíam da água e voavam a distâncias variáveis, de 1 a 5 metros. Para a Carmen eram pássaros, e para mim, peixes, pequenos, coisa de 10 a 15 cm. Vimos dezenas deles. Decidimos baixar para o deck 4 para vê-los mais de perto. Vimos um ou dois e nada mais. Sumiram. Achamos que eles saem d’água mais próximo da proa e estávamos longe da proa. Sem comprovação se eram peixes ou pássaros, deixamos para outra vez o esclarecimento. Aproveitamos para observar no deck 4 as gaivotas que acompanhavam o navio. Já estávamos a mais de 90 km de Fernando de Noronha e muitas gaivotas andando junto conosco. E então, a velha pergunta: onde dormem? Não precisam de água doce?
Tiramos algumas fotos do rastro – de colorido espetacular - que o navio deixa no mar.






 O GPS da Carmen logo indicou nossa posição no mar e o meu, bosta, ficou localizando satélites e nada mais. Deu vontade de jogá-lo ao mar. Mas, o que os peixes vão fazer com um GPS que não funciona? Resolvi guardá-lo para lata de lixo civilizada.
Andamos mais um pouco para lá e para cá e acabamos na nossa cabine (6006) onde cochilamos por meia hora. Ao meio-dia o navio adiantou o relógio uma hora para ir compensando o fuso horário. Com isso, o por do sol será mais tarde. Ledo engano essa de por do sol mais tarde, pois estamos indo para leste e haverá compensação.
Fizemos uma completa reportagem fotográfica do por do sol. As nuvens colaboraram e as fotos resultaram ótimas. 










O jantar nesse dia tinha predominância da cor branca. A Carmen trouxe a camisa branca bordada que ganhei dos inquilinos paraguaios Ayala há alguns anos. A Carmen estava impecavelmente de branco. Até comentei que ela estava um perfeito anjo sem pecado. Lívida. Flutuante.
Apenas duas pessoas não vestiam branco na nossa mesa. O cardápio era excelente: pedi casquinha de siri (vem sem a casquinha) e tempura (delícia). Sobremesa: torta de limão. A Carmen pediu de entrada presunto com melão e também tempura como prato principal.  Após o jantar, fomos aguardar a chegada do Rei Netuno e das sereias para as cerimônias de passagem do Equador. O GPS da Carmen mostrava direitinho onde estávamos e tudo se passou na hora certa. Era 21h15. O show preparado foi certamente para distrair as pessoas e encher o tempo, pois bota fraquinho nisso. Nem na escadaria da catedral de Floripa tem show tão fraquinho. Personagens principais: Rei Netuno (fantasiado a rigor); Capitão (o verdadeiro, fardado); e altos funcionários (fardados  também: chefe dos camareiros, engenheiro chefe das máquinas, chefe do serviço de recepção, chefe de pessoal, todos considerados culpados por não podermos ir ao Hemisfério Norte em decorrência de tarefas malfeitas nos seus setores).
As culpabilidades eram do tipo:
Chefe das máquinas: polvos reclamavam que havia vibração e barulho em demasia.
Chefe dos camareiros: andou ensinando os camareiros a fazerem bichos com toalhas, mas nenhum era bicho do mar.
Chefe das recepcionistas: fazia suas funcionárias trabalharem que nem polvos, com uma mão no teclado do micro, outra no telefone, outra segurando lápis, e outra apertando a mão dos clientes.
Chefe do pessoal: aliciava sereias para trabalhar no navio e diminuía o número de sereias à disposição de Netuno.
Cada um, para obter perdão e assim colaborar para que Rei Netuno permitisse passar pela linha do Equador, tinha de comer alguma coisa. Sangue de cobra do mar, vermes de fezes de leão marinho, ovos de tartaruga fora do gelo há 100 anos e meia branca do rei Netuno que ele usou para andar no lodo da bacia do Prata e que por isso estava rígida e de cor marrom. Todos esses castigos foram pagos ali mesmo e ganhamos a permissão para entrar no Hemisfério Norte.






E a gente assistindo tudo isso e, quando estimulada, aplaudindo! Mas, como aqui tudo é festa, saímos nos olhando, sorrindo e dizendo: pois é, o que se pode fazer, né? Fomos direto para o deck 9, e adentramos ao restaurante, com o propósito de tomar o chá de final do dia. Durante a tarde uma velhinha disse para a Carmen: “a gente tira do guarda-roupa tudo aquilo que não se usa mais e vem vestir aqui, onde tudo parece brincadeira”. E ela estava certa.

Encerramos nosso dia às 22h30 e soubemos que haverá novo adiantamento de horário. E assim vamos, uma hora por dia, até completar 5 horas. Gostei dessa forma gradual de adaptação ao fuso horário europeu. À noite ainda haveria música no teatro (forró) e carnaval na piscina. Mas não para nós. Vamos para a caminha.

2013-04-27. SÁBADO.
A vó levantou dizendo que hoje o Dan não precisava levantar cedo. Vó é vó. Sempre sintonizada em tudo. Uma hora mais tarde e acabamos de tomar o nosso cafezão. Ainda bem que andei moderado, selecionando os alimentos de forma a manter uma dieta balanceada. Nesse dia, por exemplo, restringi-me a pães de trigo, de massa folhada com creme, fatias de bacon, omelete, muitas frutas, principalmente melancia, melão e abacaxi. 











Delícias irresistíveis


Aliás, acho que estavam querendo eliminar o estoque de melancia, pois essa fruta abundava nos buffets. Um problema que se tinha ao tomar café e outras refeições era manter um horário mais ou menos regular, pois senão a hora de expelir o material processado e inaproveitável ficava também muito incerta. Observava-se que, quando se comia muito, principalmente pela manhã, o espaço vago criado nos intestinos e causado pelo trabalho interior durante a noite, ficava pressionado pela comida que vinha de cima na hora do café. Isso acarretava uma movimentação grande pelos longos caminhos triposos. Em decorrência, o material que se deslocava internamente fazia as curvas intestinais propiciando roncos estranhos. A Carmen imaginou uma figura que achei muito interessante: ela disse que ao chegar nessas curvas o material parece acionar sininhos semelhantes aos que soam nas máquinas de caça-níqueis. É só fazer uma curva que os sinos tocam alvoroçados indicando que algo está fazendo a curva. Claro que depois de tantas curvas, chega-se à reta final, normalmente terminando num recipiente de acumulação, cujo esvaziamento depende do volume estocado. Aí, bem, aí é procurar um lugar solitário para deixar espaço para novas recargas.
Demos uma caminhada de ¼ de milha lá no deck 10. A Carmen me acompanhou, de bolsa, chapeuzinho, e tudo mais. Muito chique a minha wife. Tinha muito vento, mas o sol brilhava, com índice ultra-violeta 10-extremo (e daí, isso é bom?), e a temperatura girava nos 29 graus. Áreas externas cheias de turistas desfrutando da piscina e suas atrações: ginástica, jogos, música ao vivo. Em cada dia era preparado um prato especial na borda da piscina: paella, muqueca e até churrasco faziam. Tudo era festa!



Área da Piscina Externa: aqui sempre havia festa.

Naquele dia, à tarde, ficamos no deck 5 nas poltronas com vista para o mar. A propósito, o mar andava relativamente calmo apesar do vento forte que soprava há dois dias. O navio de vez em quando cumprimentava o Rei Netuno fazendo reverências e baixando e levantando a proa. Mas nada que inspirasse temores. Apenas balanço suave. Durante nossa estada no deck 5, a Carmen puxou o seu bordado e eu estava com o micro, mas uns paulistas sentaram-se por perto e iniciou-se uma longa conversação sobre Santa Catarina – todos conhecem e elogiam SC – e também sobre os fedores que rondavam o navio. Acho que disso ainda não falei. Há dois dias atrás, estávamos passeando na popa do navio, e sentimos um cheiro muito desagradável de fossa. Pois bem, aquilo foi sentido e fim. Mas esses paulistas disseram que o cheiro estava dominando a região do navio onde eles estavam instalados, inclusive invadindo a cabine pela sacada. Eles já haviam reclamado e lhes disseram que o sistema de esgoto entupiu, mas que seria resolvido logo. Felizmente estávamos longe desse problema. Creio que resolveram logo.
Naquela tarde fomos acompanhar o sorteio de braceletes que uma loja estava oferecendo aos passageiros. Apesar da nossa meia-dúzia de tickets, não ganhamos nada. 

Depois subimos para tomar um café, dar uma caminhada, encontrar amigos de navio (amigos que moram em Santos e que conhecemos aqui) e depois fomos para a biblioteca, deck 6, bordar e ler. Finalmente, preparamo-nos para o jantar oficial. Meu prato foi frango tailandês, e não gostei muito, pois me parecia meio pálido. O molho estava bom. Para sobremesa, pedi sorvete sem açúcar, e estava bem gostoso. A Carmen pediu carpaccio de salmão, e depois bacalhau, ambos maravilhosos, segundo a apreciadora dos pratos. Saímos do jantar e fomos ao teatro ver os momentos finais da apresentação dos Gauchos argentinos. Danças, sapateados, chicotes, etc. Muito bons os artistas. Demo-nos por satisfeitos vendo os números de encerramento e consideramos finalizado o dia. Antes de dormir subimos ao deck 9 e vimos que no restaurante acontecia o dia da comida japonesa. Um Buffet inteiro só com comidas japonesas e ainda um cozinheiro pronto para preparar pratos especiais para quem desejasse. Lamentamos um monte não termos verificado antes o que se passava no deck 9. Paciência. Parece que esse dia japonês não será repetido.

2013-04-28 – DOMINGO
Com essa história de adiantar relógio, chegava de manhã e a gente não estava com vontade de se levantar. Saímos da cama às 8h e mesmo assim bocejando. Em seguida, o primeiro compromisso sério: café da manhã. Fui resoluto no firme propósito de fazer refeição light. Daí, vi a Carmen enchendo o prato com tudo que é tipo de frutas, omelete, e mais iugurte e etc e tal. Quase fui arrastado por esse mau exemplo, mas peguei apenas o pãozinho habitual, uma geléia e um pouco de frutas. Depois fui buscar café com leite. Aconteceu algo diferente quando me servia de leite. A xícara estava rachada de cima abaixo e eu não tinha percebido. Todo o café com leite vazou rapidamente. Ainda bem que eu me servia na máquina e esta tinha aquela grade que dá sumiço aos excessos e por ali se foi o meu café. Chamei um funcionário que ficou muito preocupado perguntando se eu havia me queimado. "Não, não me queimei, mas ficou um rastro de café pelo balcão." Felizmente tudo sem maiores problemas. Mas todos os que estavam na fila se assustaram com a avalanche em roda da minha xícara. Peguei outro café e terminei minha refeição assim, simplesinha, desta vez sem bacon e sem salsichas. Era dia de academia para mim, e estava tentando manter o dia-sim dia-não com regularidade. A Carmen foi comigo até a academia ver como eram as coisas por lá. Depois, voltamos à cabine para eu trocar de roupa. Saí para a ginástica e ela foi caminhar pelos decks 7 e 8. Depois voltou para o quarto e deitou-se. Enquanto isso, fiz os exercícios e estava pronto às 10h. Procurei por ela nos mais remotos esconderijos do navio e não a achei. Voltei à cabine e... ela estava lá cochilando. Decidi ir à piscina coberta e ela me encontraria em seguida. Consegui uma cadeira de descanso à borda da piscina e estiquei minha toalha. Esquentei um pouco ao sol e fui para a piscina que estava agitada com o balanço do navio. Havia ondas. A água não estava morna, mas também não estava gelada. Fiquei um pouco ali e fui para o ofurô. Ali estava um casal que depois vi que um não tinha nada a ver com o outro. A mulher era francesa, mas falava muito bem português com um acento bem pronunciado. O homem era de origem árabe e conhecia SC fazendo negócios com roupas. Ficamos falando sobre aprender línguas estrangeiras. O homem fala e escreve em árabe, além do português. Fiquei uns 15 min no quentinho e saí para a piscina. Não fiquei muito tempo. A Carmen não aparecia. Enxuguei-me e fui embora. Era 11h30. E eis que a Carmen ainda estava cochilando. Bem, já era hora de preparamo-nos para o almoço. E como era domingo, resolvemos almoçar fora (Eh, Eh Eh). Em vez do restaurante lá do deck 9, fomos ao do deck 4, onde costumeiramente jantamos. 





Nosso salão de jantar do King's Restaurant. Decks 4 e 5.


Tudo bem, era também legal almoçar no King’s Restaurant, mas o Buffet do deck 9 era inigualável.
As pessoas que nos acompanharam no almoço eram todas desconhecidas. Não havia lugar marcado para almoços no deck 4. Uma velhinha sentou ao lado da Carmen e soubemos que ela viaja sozinha pelo mundo, ela mesma organizando as viagens. Está emendando esse cruzeiro com outro e depois com outro, indo até a Turquia e na volta, passando pela Europa. Outras duas, que viajam juntas – uma delas ganhou o bracelete no sorteio de ontem – estavam do meu lado, e falavam pouco. Na nossa frente, um casal, que ficou calado durante o almoço, talvez por timidez. Também um italiano estava ali e que também não abria a boca. Ao final, quando os demais já haviam saído, puxamos conversa com o casal e soubemos que era de Ushuaia. Foi o que bastou para que uma boa conversa se estabelecesse. Contamos da nossa viagem e de nossos encantos com Ushuaia. Via-se que ficaram satisfeitos e nos falaram com entusiasmo da vida da cidade durante as estações de inverno e verão.
À tarde, saímos e nos instalamos nas poltronas do deck 5. Eu, com o micro e meu pendrive, tratava de escolher novo livro para ler. Escolhi o “Encontro Marcado” de Fernando Sabino. Um livro velho, da década de 60, e que ainda não li. Usei minha tarde para avançar até a página 120. A Carmen levou o bordado e assim ficamos. Passaram várias conhecidas da Carmen que paravam para conversar e comentar sobre o bordado. Uma portuguesa, inclusive, pediu agulha e linha para costurar uma fantasia que estava fazendo para concorrer a um prêmio na festa programada para a noite. Interessante como as mulheres eram atraídas pelo trabalho da Carmen. Umas olhavam, admiravam, outras examinavam, mostravam-se entendidas, davam palpites, entravam na técnica. Com isso a Carmen ia acumulando amigas.
Logo chegou a hora do jantar. Novamente optamos pelo deck 9. Depois encontramos amigos que jantavam conosco no deck 4 e, brincando,  reclamaram da nossa ausência no jantar daquela noite. Acontece que gostávamos mais da liberdade e da variedade do restaurante do deck 9. Fomos até o teatro e pudemos ver três ou quatro canções famosas brasileiras interpretadas pela cantora do dia, Verônica. Saímos dali pelas 21h00, participamos de um sorteio surpresa na loja de jóias e relógios e, como sempre, não ganhamos nada. Uma senhora, que estava ao meu lado, foi a sorteada, levando uma bela caixa contendo colar, bracelete e brincos. Novamente tivemos uma apresentação de Elvis Presley, só que programado para o espaço das escadarias principais. O aguardo do famoso personagem era cercado de grande expectativa, visto que todos acreditavam que havia desembarcado em Recife, conforme antes noticiado. Então fomos para o local do evento onde havia grande animação com músicas pop dos anos 60, twist e rock-and-roll. A banda enlouquecia a platéia que se sacudia guiada por alguns animadores muito bons de rebolado. Houve o concurso do casal que melhor dançava o twist e lá estava participando a portuguesa da fantasia. Ganhou um casal americano, composto por dois velhinhos que não falavam português. Finalmente chegou o Elvis, só que desta vez, o incorporador era outro: o próprio animador da noitada. Se o próprio imitador oficial, que é parecido, já é algo meio excêntrico, imaginem um imitador que nada se parece com o Elvis. Veio de branco, óculos escuros e muita disposição. Era gordinho, meio baixo, mas tinha muita energia. A platéia - muita gente - vibrava a cada canção e dançava a valer. Foi uma noitada divertida.




2013-04-29. – SEGUNDA-FEIRA
Lá se foram sete dias. Estamos na reta final. Pela manhã, 6h, estava programado vermos as Ilhas de Cabo Verde. Mas não deu. Primeiro, porque estava muito nublado e, segundo, porque nos acordamos às 7h30. A Carmen saiu do quarto antes de mim, até porque peguei no sono outra vez. Às 8h30 encontrei-a no final do café. Ficamos por ali até às 9h00. Ainda fui até a área superior e vi com o GPS que Cabo Verde já passara a uns 120 km. Fui para a piscina coberta, consegui lugar numa cadeira depois de esperar um pouco. Entrei no ofurô com outros dois caras e fiquei em banho-maria por uns quinze minutos. Não me animei a entrar na piscina fria. A Carmen zanzou pelo navio e depois me encontrou ali. Ao redor duma mesa, sentamo-nos com três mulheres de Rio Grande-RS, que reclamavam muito das mudanças ocorridas naquela cidade gaúcha devido à chegada de nordestinos e de pessoas pobres de Pelotas. Mudanças para pior, uma invasão, segundo elas. Essa invasão se dá por causa do potencial turístico de Rio Grande. Depois que elas saíram, a Carmen foi até o centrinho ver uma promoção em andamento. Quando voltou, eu estava fechando o micro e pronto para o almoço. Saboreamos bacalhau desfiado com vegetais, mas com predominância absoluta do peixe. Achei maravilhoso e a Carmen meio salgado. Tinha também feijoada muito saborosa. Estou controlando meu regime e comi muitas frutas, antes e depois da refeição (mas não está adiantando...). Estou colaborando (comendo muito) para que não se deixe estragar os melões e melancias do estoque do navio. A Carmen aproveita para experimentar todo tipo de doce. Deliciosos, diga-se de passagem. Perto do meio dia passamos pelas Ilhas do Sal. O ar embaçado, apesar de permitir a visão da ilha, não deixava captar detalhes, de modo que só víamos o perfil das montanhas. Tiramos fotos, mas não ficaram boas. Depois do almoço fui descansar por causa do dia cheio de atividades!!!!. A Carmen foi andar para fazer a digestão do almoço. À tarde, trapezistas exercitaram-se no espaço das escadarias principais. Ficaram eles subindo, descendo e fazendo piruetas, enquanto um coral entoava cânticos que supostamente eles acompanhavam.




Enquanto eu escrevia, a Carmen apareceu toda arrumada, saia preta, blusa preta com detalhes prateados, uma musa. Olhamos o relógio e já eram17h30. Nesse dia houve outro adianto de uma hora. Foi o terceiro. Era dia de janta com traje formal. Decidimos jantar no deck 9 não por causa da formalidade do deck 4, mas por causa da nossa preferência. Mesmo assim, também usei roupa mais elegante para circular pelo navio. O jantar estava, mais uma vez, maravilhoso. Começa que a Carmen conseguiu um lugar bem na frente, de onde dava para ver o por do sol.





Nossas mesas prediletas para o café da manhã e o jantar com por do sol


 Na janta tinha carne à portuguesa, grelhados grossos de carne macia. Também havia pizza, com montagem a gosto do freguês. Além de uma série de outros pratos quentes que normalmente ficam à disposição, podia-se montar a sobremesa com tortas quentes e sorvetes. Tudo uma loucura.
Após o jantar fizemos o de sempre: dar uma olhada no que corre no teatro. Um cantor inglês, Garry, cantava música brasileira. Olhamo-nos e sacudimos a cabeça. Não estávamos a fim de ouvi-lo.

2013-04-30. ÚLTIMO DIA ANTES DE TENERIFE.
Às 8h00 já estávamos no café. Era dia de academia. A Carmen convidou-me a caminhar pelo navio. Ela descobrira os meandros dos diversos decks e organizou caminhadas no interior do barco. Isso evita sair no deck 10 onde há a pista externa e onde nos últimos dias soprava um vento forte, que tornava as caminhadas um tanto incômodas. Somando-se a força do vento com o balanço do navio, a caminhada ficava difícil. Fui seguindo-a desde o deck 8 pelos corredores, passamos pelas suítes especiais, uma delas inclusive denominada Royal, e outra que deve ser imensa, cuja porta tem folhas duplas, que abrem no meio. Há vários espaços e acomodações destinadas exclusivamente para tripulantes. Enquanto caminhávamos, além das fotos das inúmeras decorações, quadros, etc., íamos encontrando os camareiros e outros funcionários nas suas atividades. De todos, inclusive dos hóspedes que encontrávamos, recebíamos cordiais “bons-dias”. Algumas cabines estavam abertas, em serviço, e podíamos lançar um olhar bisbilhoteiro para ver como eram e em que diferiam da nossa. Assim continuamos, demos a volta no navio caminhando pelo deck 8 e, quando completamos a volta, descemos a escada até o deck 7, percorrendo-o todo, inclusive nos locais onde os corredores terminam sem saída, e depois fizemos a mesma coisa nos decks 6, 5, 4, 3, e 2. Chegamos ao deck 1, onde há o espaço do atendimento médico, vazio naquele momento. Foi uma boa caminhada. A seguir, alguns detalhes que fotografamos:

















Dali segui para a academia e fiz tudo o que era possível fazer, menos a bicicleta, pois a caminhada já matou a etapa. A Carmen distraiu-se no espaço do deck 5 e encontrei-a conversando animadamente com outros hóspedes. Fui tomar banho e lavar a minha roupa e, quando voltei, ela estava recebendo de volta a agulha e linha da portuguesa que pedira esses elementos emprestados.
Fomos para o almoço. Como sempre, farto e saboroso. Nesse dia tivemos novo adianto de uma hora no relógio. Assim, as refeições ficavam mais próximas e a vontade de comer, menor. Satisfeitos, a Carmen convidou-me a caminhar pelo navio e aceitei, mas desisti no deck 7 e rumei para a cabine. Ela perseverou e depois foi acomodar-se nas poltronas do espaço de deck 5. Acordei pelas 16h e encontrei-a ali, envolta com freecell. Ficamos entretidos até que ela decidiu sair e combinamos um encontro no deck 9 para tomarmos nosso copo d’água da tarde, compromisso que andamos relaxando. Depois de muito tempo... Esqueci do horário!!!! Voltou ela às 18h reclamando da minha distração. Realmente, distração. Fiquei envolvido com a redação das atividades dos últimos dois dias e o tempo passou sem ser percebido. No programa do dia, havia apresentação dos equilibristas pelas 21h e precisávamos acertar o horário da janta para que pudéssemos assisti-la. Combinamos às 19h30.


O jantar foi excelente mais uma vez. Depois, no teatro, assistimos um equilibrista, que fazia todas as apresentações com malabares que os artistas das esquinas de Floripa fazem, mas evidentemente com mais categoria e colorido. Depois, equilibrou pratos sobre umas 16 varetas no palco e sobre mais 3 colocadas entre a plateia, mantendo todos os pratos em atividade simultaneamente. Terminado o show fomos para ver a reprise dos acrobatas no deck 5. Em seguida, o show de músicas dos anos 70, uma verdadeira farra com animação do pessoal do cruzeiro. O dia seguinte previa Tenerife.
  


2013-05-01 – TENERIFE.
Levantamos pelas 7h e ao olhar para fora vimos que já estávamos ao lado da Ilha de Tenerife. Esta ilha é bem maior do que a nossa de SC. Confesso que me surpreendi. Também, nunca pesquisei na internet ou em qualquer outro lugar o que era e o que produz Tenerife.







Primeiras imagens de Tenerife a partir do navio


 Começa que tem várias cidades com bons conjuntos de edifícios. Há uma montanha, de nome Teive, que tem cerca de 3,7 mil metros de altura e sua neve é a fonte de água da ilha. Andamos quase duas horas para atracar.  É uma cidade construída sobre rochas vulcânicas e, portanto, bastante permeáveis. A água de degelo penetra na terra e forma veios d’água que, segundo o guia de nossa excursão, são três vezes maiores em extensão do que todas as rodovias existentes. A cidade de Tenerife tem 700 mil habitantes. Visitamos as cidades de La Laguna e Puerto de La Cruz, sendo esta última preparada para receber turistas. 




Puerto de La Cruz - Centrinho


Nosso tour durou umas quatro horas. Não sabíamos: a ilha é zona franca. Se soubéssemos teríamos comprado os eletrônicos aqui. Como não há rios nem lagos, a água toda é obtida a partir do degelo. Só que o degelo não está mais dando conta do recado. Eles já têm desalinizadores, mas continuam com problemas de quantidade. Assim, estão lidando com economia e racionalização de consumo. 




Aqui se vê dois reservatórios d'água


Energia vem do petróleo e em pouca quantidade, vento e sol. No local das compras procuramos um Mc Donalds para entrar na internet. Quando retornamos ao porto nem subimos ao navio: fomos direto para o centro de Santa Cruz visitar a sua Praça Espana e as ruas centrais. Hoje, Era feriado, e as lojas estavam fechadas, mas muitos restaurantes com mesas nas calçadas funcionavam. No retorno, encontramos os restaurantes do navio fechados e tivemos de nos socorrer de cachorro quente. Melhor, pois assim estaremos com as portas dos guarda-roupas abertas para receber o jantar. Eh eh eh.
A manobra para saída também foi bonita, com o navio virando 180 graus dentro do canal do porto. Só que aqui me pareceu haver mais espaço e maior profundidade. A cor da água do canal é verde e não parece lodosa.

Na ilha vimos uma praia com areias pretas. É a areia que eles têm aqui. Disse o guia que há uma praia com areias brancas, mas estas foram importadas do deserto do Saara. Um dos produtos agrícolas que mais se destaca na ilha é a banana, mas é menor do que a nossa e exige o dobro do tempo para amadurecer. Também uvas têm importância, só que o vinho de Tenerife, apesar da qualidade boa, não dá conta do mercado interno. Mas o que me surpreendeu foi a intensa urbanização da ilha. As estradas e ruas são todas asfaltadas e de boa qualidade. Bem sinalizadas. Agora, aqui é preciso carro, pois em todo lugar existe aclives e declives. Mesmo no centro, as ruas que partem da região da praia, logo sobem morros. Quem olha a ilha do navio, diz que não poderia haver a urbanização que realmente existe. A ilha toda é repleta de montanhas íngremes e com pouca vegetação. Tudo é construído em terreno inclinado. As montanhas são riscadas pelos entalhes das estradas.









Imagens do centro de Tenerife, num feriado nacional (01/05/13)


Nesse dia comparecemos à nossa mesa 32 para o jantar formal. Estávamos com fome e o cardápio correspondeu. Pedimos coquetel de camarão e uma sopa especial, estilo céltico. A Carmen pediu para prato principal peixe (pecha) e eu apelei para carne grelhada de vaca. Recebi um bifão tostadinho por fora e úmido por dentro, exatamente como imaginara. Sobremesa: sorvete de castanhas. Inhame! Depois fomos tomar um café no restaurante do deck 9 e conhecemos um casal de mineiros que está fazendo mudança gradativa para Portugal. E programamos dormir cedo porque amanhã às 7h estaremos atracando em Lanzarotte.



2013-05-02 – LANZAROTTE.
O dia começou cedo. Às 7h00 já estávamos atracados em Arrecife, capital. Quando levantamos, o barco estava imóvel. A saída de nossa excursão estava marcada para 8h30, como realmente aconteceu. As dimensões da ilha comparam-se às de Floripa, e segundo o nosso guia, tem clima ameno, com temperatura média de 25 graus e com mais ou menos 17 dias de chuva no ano. Hoje até chuviscou um pouco. Nossa excursão teve duas paradas de 45 minutos cada uma. A primeira no topo da montanha Timanfaya, onde há um belo dum restaurante com vista panorâmica e onde o turista entra em contato com a terra quente do local e pode ver um buraco em cujo fundo a lava arde. As instalações para receber os turistas são excelentes assim como as estradas pela região vulcânica.



Não dá para segurar essa terra com as mãos. Queimam!





Um poço de 8m de profundidade onde há lava incandescente



Imagens da ilha de Lanzarotte. A última, uma cratera vulcânica.


 Esse vulcão entrou em atividade em 1736 quando liquidou algumas vilas e aumentou o tamanho da ilha em 17 km2. Todo o tour se passa em estradas construídas sobre o derrame vulcânico. A paisagem é lunar. Um detalhe que me chamou atenção é com respeito ao “picon”, grânulos ou terra da lava vulcânica que absorve umidade do ar à noite, acumula essa água, e permite que as plantas se desenvolvam sem o complemento de mais água de irrigação. As plantas locais crescem sem necessidade de irrigação. Circulamos pelas montanhas em estradas estreitas, mas boas, asfaltadas e com visuais espetaculares. A segunda parada longa foi para visitar uma bodega. Incrível: as videiras são plantadas em covas rasas, de meio metro de profundidade para que sejam protegidas do vento. Algumas covas ainda têm mureta de proteção para o lado do vento usual. O terreno é preto. Tiramos várias fotos daquelas videiras, atualmente não alcançando mais do que 60 ou 70 cm de altura, mas que estarão produzindo em junho próximo. Hoje, apenas pequenas bolinhas verdes, futuros frutos, ornamentam as plantas.







 As lavas do vulcão espalharam-se sobre a ilha em quatro direções, que eles chamam de “línguas” de lava. Uma delas vai até o mar e se pode ver claramente o derrame sobre o terreno antigo. Os habitantes da ilha antes das conquistas espanholas eram os guanchos, povo de pele clara, olhos azuis e cabelos louros. Moravam em cavernas. Como em todo o mundo, as conquistas vinham em nome de Cristo e acabavam dizimando as populações locais. Os espanhóis historiam duas batalhas: a da matança, quando muitos espanhóis foram mortos ao tentar invadir a ilha pela primeira vez, e a da vitória, quando tomaram conta. Apenas um povo dos inúmeros que viviam na ilha, o último, quando não havia mais como lutar, se rendeu, e por isso a raça conseguiu deixar exemplares para a posteridade. Retornamos ao navio pelas 13h30 e deixamos de ir até o centro da cidade, pois restava pouco tempo para a saída, às 16h. Almoçamos e ficamos lendo, jogando freecell, admirando os quadros expostos nos corredores do navio e conversando. Depois de fotografarmos o por do sol na nossa cabine, jantamos e fomos ver o show da dupla mexicana, multifuncional. Ambos tocam alguns tipos de instrumento de cordas, flautas doces e do tipo dos Andes, pandero, e outros e a rigor, não precisariam de orquestra para acompanhá-los. Valeu. Um show mesmo.

2013-05-03. NAVEGANDO.
Tomamos o café e às 9h estávamos prontos para o dia. Fui para a academia e havia espaços. Na volta tentei relaxar na piscina coberta e não encontrei nenhuma cadeira livre. Desisti e fui tomar banho na cabine. Dalí rumei para o centrum e retomei a leitura do Fernando Sabino. Encontrei a Carmen fazendo sudoko no deck 4. Sentei ao seu lado e passamos a conversar sobre os abusos e desperdícios que ocorrem no navio. Uma senhora que estava tricotando na poltrona ao lado entrou na conversa. Depois soubemos que era escritora. Logo fomos almoçar. Cansado, deitei à tarde e fiquei assim até as 15h30. Não foi muito porque houve outro adianto do relógio e esse 15h30 pode dar a entender que dormi mais de uma hora. Saí e fui me sentar no deck 5 para ler. Uns amigos de mesa de jantar sentaram-se perto donde eu estava e ficamos conversando. A Carmen chegou indignada com a lerdeza da orientadora de origami, que gastou mais de 20 minutos para explicar como se dobra um papel pela metade. Havia ela naquele momento desistido do curso. Nossos amigos discutiam o que fazer em vista de que em Tenerife venderam para um deles um tablet e um celular que depois alguém, já no navio, disse não serem das versões mais modernas, o que teria sido assegurado pelo vendedor. Eles estavam indignados. E fiquei abismado quando disseram que pagaram 800 euros nessa compra. Só que a compra foi feita em Tenerife e o barco já estava longe... Coisa de comprador sem experiência do que vai comprar. Saímos dali para pegar nossos passaportes. Encontramos uma fila de uns 100 m. Já estamos acostumados com filas. Felizmente essa andava rápido. Aproveitamos para fazer exercício de fotografia. Tiramos muitas fotos dentro do recinto, que era o restaurante oficial para o jantar. Focamos as inúmeras peças artísticas espalhadas por todos os ambientes. Fizemos um tempo e já era hora da janta. Depois, vi que exagerei nos frutos do mar. Havia no Buffet camarões gigantes fritos e envolvidos num molho levemente apimentado; lulas a doré; iscas de peixe; peixe assado e outros. A Carmen deu lição de moral e carregou nas saladas. Mas depois vi que ela também foi buscar um belo bife mal passado e batatinhas fritas... Viemos para a cabine e ficamos um bocado de tempo arrumando malas. Depois, pela meia noite, notamos que entrávamos no Estreito de Gibraltar. Ficamos a admirar os rosários de luzes de ambos os lados.







2013-05-04. ÚLTIMO DIA NO MAR.
Quando acordei, a Carmen já havia desaparecido. Sabia onde encontrá-la: no restaurante do café. Dito e feito. Aproveitei para comer bacon, pois imagino que essa guloseima eu não iria encontrar na mesa muito cedo. Saímos do café às 10h. Conversamos um pouco no deck 5 e retornamos à cabine, onde já estavam as instruções para o desembarque. Resolvemos dar uma propina para o nosso camareiro que, acreditem, é de São José, SC. Seu nome é Leandro. Muito atencioso, durante todos os momentos. A saída do navio estava prevista para as 8h00, na manhã seguinte. Praticamente, tudo pronto. Almoçamos moderadamente, pensando em sair leves do refeitório. Até tomamos um café com leite depois da refeição, mas não deu para recusar o pudim de leite e a torta de cerejas.

Etapa 2 - Barcelona - Porto - Lisboa

2013-05-05 até 09. BARCELONA E PORTO.
Alo Pessoal!
Desde que descemos em Barcelona foi um corre-corre tal que, quando chegávamos em casa, a única coisa era ver se havia email, cumprimentar os donos da casa e dormir. Não foi possível achar tempo para escrever as reportagens. Ler um livro, então, nem pensar.
Nosso desembarque em Barcelona foi tranqüilo. Que diferença do desembarque no Rio no ano passado! Aqui saímos em grupos. As filas eram pequenas no navio e na saída. E quando chegamos na rua, uma fila grande, de uns cem metros, esperava táxis. Só que a fila dos táxis era maior do que a fila dos clientes. E os táxis estacionavam de seis em seis, paralelos, já prontos para virar para a avenida de saída. Um policial da guarda municipal orientava os passageiros que pegariam os táxis. Tudo andando. Ficamos uns 25 minutos na fila. Nada de atropelos; nada de businaços e nada de confusão.

Barcelona é uma cidade espetacular. Há a parte velha, chamada Bairro Gótico, onde os edifícios de 3, 4 ou 5 andares se espremem separados apenas por vielas estreitas de aproximadamente 3m de largura.





Ruas do Bairro Gótico


 Conta-se que os antigos moradores viviam doentes por falta de luz natural e pela elevada umidade. Hoje essa parte da cidade é a mais procurada pelos turistas para fotografias. Todo mundo com câmeras a postos. Gente de todas nacionalidades. Tiramos centenas de fotos, muitas das quais irão direto para a lixeira, porque são quase todas semelhantes. 




Acreditem: somente passear em Las Ramblas já vale a viagem a Barcelona.


É notório que Barcelona transformou-se após a olimpíada de 82. Muitas obras foram construídas e a vila olímpica trouxe desenvolvimento para uma área nova, em montanha próxima. Fora da área antiga, a cidade cresceu segundo o traçado feito por um arquiteto lá pelos idos de 1900 e hoje tem avenidas e ruas largas que dão conta do movimento. Não vimos caos no trânsito nos dias em que ficamos circulando na cidade. Utilizamos os ônibus de turismo para andar por tudo. Tentamos o museu de Picasso mas a fila estava enorme. Conseguimos entrar e ver a Pedrera, de Gaudi. 




La Pedrera - Casa Milá



Tomamos 2 cervejas sob esses toldos


Aliás, Gaudi é o responsável por grande maioria de turistas em Barcelona. Suas construções são partes obrigatórias e mais importantes dos roteiros e estão sempre cheias de gente. Tinha ele um patrocinador, o tal de Guell, que encomendou obras importantes. O Palácio Guell também não foi possível visitar por causa das extensas filas. Mas conseguimos pelo menos estar nos locais importantes. O apartamento onde nos hospedamos tem localização excelente, a uma quadra da Las Ramblas, o calçadão principal da cidade, onde fervilham turistas. Só caminhar a vontade pelas Las Ramblas já vale a viagem toda. Os preços em Las Ramblas e na zona central não são caros como custumam ser em aglomerações turísticas. Jantamos e almoçamos no fervo a preços normais dos arredores. Os donos do apartamento, Miguel, da Espanha, e Maja, da Macedônia, são gente muito simpática. Acolheram-nos como se fôssemos seus amigos. De cara, nos serviram um vinho de boas vindas e comemos salgados comemorativos da Páscoa da Macedônia, que ocorre em data diferente da nossa e acontecia naquela semana. O quarto onde ficávamos era pequeno, com uma cama Queen, com pouco espaço na lateral e nos pés, mas tínhamos um quartinho anexo, onde colocamos as malas e tomávamos o nosso desjejum. O banheiro ficava no corredor e era dividido com outros hóspedes: uma moça, no primeiro dia (italiana), e um espanhol, que nem vimos, que estava em Barcelona para ver a fórmula 1. 

Depois de nos instalarmos no apartamento de Miguel e Maja, fomos direto para o calçadão da Las Ramblas caminhar entre o povaréu. Percorremos toda sua extensão até o monumento a Colombo, bem próximo do cais do porto.






Região do Porto de Barcelona


 Voltamos pela Las Ramblas e saímos a procurar o Palácio Guell. Achamo-lo mas estava fechado. Continuamos nossa caminhada e penetramos no Bairro Gótico onde nos deslumbramos com os prédios antigos, com as ruelas estreitas, as roupas dependuradas nas sacadas, as floreiras expostas caprichosamente, enfim, um espetáculo diferente, que encanta turistas. Chegava a hora do almoço. Claro que em Barcelona abandonamos os almoços e jantares babilônicos e passamos a escolher restaurantes dos mais diversos tipos, agora com olhos nos cardápios e nos preços. Nosso primeiro almoço foi na Praça dos Reis (Plaza Reial)o, uma praça tomada por turistas, repleta de restaurantes, festiva, charmosa. Já não me recordo do cardápio, mas me lembro de que pedimos para almoçar na parte interna, já que fora estava começando a ventar levemente e o ar gelado poderia nos complicar caso pegássemos um resfriado. 




Recanto da Praza Reial


Depois, ainda caminhamos bastante pela cidade velha, passando pelo Palácio de la Música,




Palácio de la Música



Eu, registrando presença


 visitando o Mercado Santa Catarina que infelizmente estava fechado para reformas, passando pela Catedral e então, caminhando bastante, indo até o Arco do Triunfo e ao Parque Ciutadella. 







Como era domingo, o parque estava repleto. Gente nos gramados, jogando bola, levando crianças a passear, enfim, jogando o estresse para o alto. Depois, voltamos para a área central. e fizemos um lanche em Las Ramblas, na cafeteria Liceu, muito simpática, bem em frente do Teatro Liceu. 

No dia seguinte, segunda-feira, compramos tickets para dois dias no ônibus turístico. Eles têm duas linhas básicas, verde e laranja, uma para um lado da cidade e outra para o outro. Cada volta de qualquer das linhas dura duas horas e meia. Saímos com a linha verde e fomos percorrendo de ônibus a área do porto, a zona litorânea, as praias da cidade, o bairro Barceloneta, o famoso prédio - Torre Agbar - 




que parece um pepino em pé e que se destaca pela iluminação com colorido variável a partir de milhões de leds controlados por computador - chegamos à Igreja da Sagrada Família, a interminável. Descemos ali para fotografias e depois escolhemos um restaurante italiano bem na esquina para almoçar. 





Voltamos ao ônibus turístico e rumamos ao Parque Guell, parque encomendado por Guell a Gaudi. Gaudi aí se esbaldou. O que se vê é algo inusitado: as torres da entrada, os muros, as escadarias, tudo com o toque inconfundível do arquiteto, que utiliza fragmentos de ladrilhos para fazer as decorações e revestimentos. Ouvindo-se a história que contam, conclui-se que Gaudi conseguia fazer o que fazia graças a Guell, ricaço e amigo que o contratava. Percorremos o parque, tiramos muitas fotos e partimos. Tomamos o ônibus e descemos frente à casa Milá, ou Pedrera, outra obra de Gaudi, onde apenas pudemos admirar as linhas externas visto que a cola (fila) para entrar estava grande demais para ser enfrentada. Decidimos voltar temprano no dia seguinte (bem cedo). Aproveitamos para nos sentar num bar do Passeo de Gracia e tomar duas boas cervejas. Depois, caminhamos até a Casa Batlló, e fomos a pé até a Praça Cataluna. Entramos na Las Ramblas e achamos uma cafeteria para fazer um lanche. Não foi bom como o do dia anterior. Ainda visitamos o Mercado La Boqueria - uma maravilha de organização - bem no centro da cidade. A forma como os produtos, frutas, carnes, peixes, etc. são apresentados surpreendem pela beleza. O visitante fica tentado a comprar de tudo. Resistimos. Mesmo assim, compramos alguns grãos para saborear mais tarde. 







Resolvemos então pegar o ônibus turístico das 18h para ver de noite o que já havíamos visto durante o dia. Nos interessava principalmente a torre Agbar. Decepção total. Não anoiteceu na nossa viagem. Mas valeu. Chegamos ao anoitecer. Ao chegar em casa, ainda participamos de um lanche com os nossos anfitriões, motivo pelo qual desistimos de jantar.Tomamos um café gostoso no restaurante Mercado Orgânico e fomos dormir. O Mercado Orgânico é um restaurante rústico, onde sua decoração é toda feita com tábuas desgastadas, inclusive as mesas e cadeiras. Só que, é claro, tudo bem feito. O pessoal é muito amistoso. Trataram-nos muito bem.


Dia seguinte,  estávamos entre os primeiros na fila da Pedrera, de Gaudi. A principal atração do prédio é o seu terraço, todo em formas onduladas. Aliás, o prédio teve suas linhas inspiradas no mar. As linhas externas foram trazidas das ondas e os ferros das sacadas lembram algas marinhas. Achamos o espaço do terraço inútil, ainda que hoje sua arquitetura traga lucros para os espanhóis. As chaminés lembram guerreiros. Enfim, uma obra que permanece no tempo pela sua singularidade. 











Casa Milá - La Pedrera


Ainda visitamos um dos apartamentos que faz parte do roteiro. As peças tem formas curvas e o apartamento rodeia o vão central. Assim, todas as peças têm aberturas para espaços de fora. Saímos dali e logo a poucos metros, revisitamos a Casa Batlló , que o arquiteto participou reformando a fachada, impondo seu estilo curvilíneo e de formas arredondadas. 




Casa Batlló


Tomamos o ônibus turístico e fomos até o cais do porto para escolher um restaurante para almoçar, pois havíamos visto muitos deles quando fizemos o tour pela manhã e havíamos prometido a nós mesmos que faríamos uma refeição ali. Acontece que os preços eram bem maiores do que os da Las Ramblas. Mas queríamos almoçar naquele lugar especial e tratamos de escolher o que nos pareceu melhor. Nesses restaurantes os preços dos pratos são maiores do que vinte euros, o que significa cerca de 55 reais. Então, multiplicando por dois e somando bebidas e mais gorjetas que são de 10% ou acima, chega-se a míseros 70 euros ou mais ou menos 190 reais para o casal. Depois de almoçar, retomamos o circuito turístico e fomos para o miradouro próximo do Hotel Miramar, na montanha, frente ao porto. Ali descobrimos um belo dum restaurante com ampla vista para a cidade e para o porto. E com preços normais. Além disso, com uma vista espetacular. Paramos para tomar umas cervejas comodamente sentados e apreciar o panorama. Não fosse a vontade que tínhamos de almoçar no porto - vontade satisfeita -  teríamos lamentado muito ter descoberto tão tarde esse local.





 Retomamos o ônibus e descemos no Museu de Arte Catalã. O prédio é imponente, no alto, destacando-se na região. Não entramos por causa do avançado da hora e porque era pago e não valeria a pena pelo tempo disponível.







 Batemos algumas fotos e descemos a pé até a Praça de Espanya - também um ponto importante - visitando em seguida a Arenas Barcelona, antiga Praça de Touradas, que fica ao lado. O prédio monumental da Arenas Barcelona está transformado em shopping com vários restaurantes muito atraentes no último piso. Retornamos ao apartamento depois de um ótimo jantar no Mercado Orgânico. 




"Nosso" ap ficava nesta rua, à esquerda, pouco depois da placa verde
E que foto, heim?


Nossos anfitriões Miguel e Maja fizeram nosso check-in para a viagem do dia seguinte. Fizemos alí nossa despedida prévia.

Saímos pela manhã sem ver Miguel e Maja. Deixamos um bilhete. Nossa localização mais uma vez nos facilitou a vida: há ônibus especiais que partem da Praça Cataluna para o aeroporto a todo instante.


2013-05-08 - Portugal - Porto    

O avião que nos trouxe até Porto era da Embraer. Havia três fileiras de bancos e a altura da cabine me obrigava a andar meio dobrado pelo corredor. Mas foi uma viagem tranquila. O aeroporto da cidade do Porto estava vazio. Pegamos uma van com outras pessoas para chegar até nosso endereço. Chuviscava. Nossa hospedaria tinha porta monumental, em duas partes e com uns três metros de altura. 

Tudo novo por dentro. Uma pousada no centro, de alta qualidade. E o site dizia rústica! As escadas principais são de madeira, pinus, reluzentes de tão novas. O apartamento em que ficamos tinha uma cama king-size, um sofá cama e uma cama de solteiro. O bwc todo branco, cozinha no mesmo ambiente do quarto, refrigerador, micro-ondas, enfim, tudo. Um ambiente amplo, espaçoso. De início, não tínhamos a senha da internet e começamos a nos preocupar, mas chegou uma francesa - inquilina também - que nos forneceu a senha. A internet tinha boa velocidade. Deixamos nossas coisas e saímos. A primeira parada acontecem quase ao lado do nosso prédio: Confeitaria Suave. 




Calçadão da "nossa" rua: Cedofeitas


A vitrine nos fez parar. Havia tudo que é tipo de doces e salgados. Tomamos um gostoso café. Depois, andamos por tudo. Desta vez não usamos ônibus turístico. A cidade é lindíssima, principalmente a parte próxima ao Rio, a Ribeira, onde proliferam bares e restaurantes. Temos centenas de fotos. Iniciamos pela parte central, alta, passando pela Torre dos Clérigos, pela famosa Livraria Lello, pelo Palácio da Justiça, pela Catedral da Sé - onde tiramos dezenas de fotos, da própria e das vistas que a cidade dali oferecia - e descemos até a Ribeira, onde fervilhavam turistas. 












Fotos próximas da Catedral


Tivemos sorte com o tempo, pois o chuvisco havia cessado assim que nos instalamos no apartamento. Enquanto passeávamos pelo porto bem no estilo turísta novato, tirando fotos e fotos, estávamos de olho nos inúmeros restaurantes existentes. Os garçons esmeravam-se por conseguir novos clientes. 









Quando preparei o tripé e corri para sentar ao lado da Carmen, um turista que passava, muito brincalhão, fez de conta que ia mexer na câmera, fazendo um sinal de V com os dedos e nos olhando a partir donde a câmera estava. Isso provocou todas as risadas aí mostradas e de certa forma, uma certa apreensão, pois fomos pegos de surpresa. Até os turistas que estavam alí do nosso lado divertiram-se com a situação. 




Passeio pela Ribeira e Jantar


Jantamos bacalhau com nata num restaurante com janelas para o rio. A partir dessa, em cada refeição degustávamos meia garrafa de vinho da região. Saímos da Ribeira com a noite chegando. Subimos para a parte alta com o elevador que fica próximo à ponte e meio que nos perdemos pelas ruas centrais. Com isso, sem querer, descobrimos a Confeitaria Majestic, um dos lugares que se deve visitar na cidade do Porto, e que mantém certa semelhança com a Confeitaria Colombo do Rio de Janeiro. Não entramos pelo adiantado da hora. Acertamos nosso rumo e fomos para o apartamento. Era tarde. Nosso plano era alugar um carro e sair em viagem no dia seguinte para Lisboa. Mas decidimos abandonar a viagem de carro. O tempo fechado não nos animava passear de carro. E além disso, achávamos que não tínhamos explorado o suficiente a cidade do Porto. Resolvemos ficar um dia a mais e valeu a pena. Não teve problema para ficar uma noite a mais no apartamento que alugamos. Fora da alta temporada, o prédio não estava lotado. No dia seguinte, depois do café na Confeitaria Suave, saímos a caminhar em direção ao Palácio Cristal. 














Cenas no Palácio de Cristal


Esta edificação fica num mini-jardim botânico muito agradável. Aproveitamos para relaxar e depois de muitas fotos descemos para a margem do rio Douro. Andamos pelas vielas pitorescas margeando o rio e chegamos até a Ribeira. Atravessamos a Ponte Dom Luiz I e chegamos na Vila Nova de Gaia. A vista da cidade do outro lado do rio é impressionante. O casario que margeia o Rio Douro é um convite para fotografias. As baterias esgotam-se, as memórias estufam, e dê-lhe fotografia. 










Ribeira vista de Vila Nova de Gaia


Escolhemos um restaurante agradável e almoçamos. Claro, prato com bacalhau. Mais vinho. Daí saímos a caminhar pelo cais da Vila Nova de Gaia e resolvemos entrar na Vinícola Ferreira, produtora dos famosos vinhos licorosos. Inscrevemo-nos para uma degustação antecedida da história da vinícola. Muito interessante. 









Dois casais de paulistas estavam no mesmo grupo. No final, degustamos dois tipos de vinhos, um branco e um rubi. o branco era do tipo Lágrima. Teor alcoólico dos dois: 25 %. Um casal, que não vimos, faltou ao evento, e sobraram assim dois cálices servidos que ficaram na ponta da mesa, justamente aquela em que estávamos. Então, duplicamos nossa degustação. Delícia. Dali pegamos o funicular que nos levou até a parte alta de Vila Nova de Gaia. Tiramos mais algumas fotos do alto e atravessamos a ponte de volta, só que agora pela parte de cima, onde também passa o trem urbano. Caminhamos um monte, lomba acima e lomba abaixo. No final da tarde, já no centro, chegamos até a Estação São Bento, de trens, para conhecermos previamente o local donde sairíamos no dia seguinte. Surpreendeu-nos o interior da estação, toda em mosaicos azulados. Uma beleza. E ali ficamos sabendo que deveríamos embarcar noutra estação, a Estação Campana. 





Vimos que não há problema de lugares nos trens, que são muitos. Nossa previsão era sair ao meio-dia. Cansados, resolvemos encerrar nossa exploração da cidade e ir para casa, parando antes na Confeitaria Pingo Doce para um lanche final.

Na manhã seguinte, acordamos e vimos que o dia estava com neblina forte. Pouco se via ao redor.Tomamos nosso café na Confeitaria Suave e caminhamos pelas ruas próximas ao apartamento. Nos despedimos do proprietário, o Sr. Vitor Tomé, que tem uma oficina mecânica atrás do prédio. Ele nos confirmou que o prédio está sendo reformado. 


Portal de entrada do "nosso" apartamento na cidade do Porto

Tomamos um táxi e fomos até a Estação Campana. 

2013-05-10 - Lisboa

Saímos ao meio-dia da cidade do Porto e chegamos em Lisboa, na Estação Santa Apolônia, pelas 15h. A viagem de trem foi ótima. Veloz e confortável. Existem muitos horários de trens entre Porto e Lisboa e parece que sempre há lugares disponíveis. De Santa Apolônia, tomamos outro táxi (são relativamente baratos - 6 ou 7 euros) e chegamos ao apartamento na Rua Domingos Sequeira, 40, segundo andar. Vimos o número 40 estampado na entrada do prédio e o táxi procurou um lugar e parou. Retiramos as pesadas malas, pagamos e liberamos o táxi e apertamos o botão do intercomunicador. Uma mulher atendeu e abriu a porta pelo interfone. Subimos pelo elevador - pequeno e que não tem porta interna de modo que a gente vê e pode tocar a parede que vai passando - e ao tocar a campaínha, atendeu a mesma senhora, com cara de surpresa, nos dando conta de que estávamos no endereço errado. Passou em calafrio na gente. Se tínhamos o endereço errado, como iríamos localizar o Ronney e a Ivone, que a estas alturas estavam nos aguardando. Saímos do prédio com as maaaallllaaaassss e chegamos na calçada. Olhamos para a porta de entrada e ... era o número 42! Acontece que as entradas eram idênticas, lado a lado, e nem olhamos para o número depois de despachar o táxi. Ufa! Alívio! Tocamos a campaínha da porta encimada pela plaqueta 40 e... nada. Tocamos de novo e a Ivone atendeu. Estavam descansando, pois nossa chegada estava prevista para uma hora mais tarde. Aconteceu que na cidade do Porto, conseguimos comprar na estação, passagens para um trem que saía uma hora antes. E não deu tempo de avisar. Daí, entramos, aqueles abraços, sorrisos, e ficamos conversando bastante na sala, colocando em dia as últimas notícias. Esse apartamento que alugamos junto com a Ivone e o Ronney era maior ainda do que os outros dois, de Barcelona e do Porto. Na parte de frente para a rua, tinha uma sala enorme, com dois ambientes, um deles com dois sofás e TV, com sacada, e o outro com uma mesa e cadeiras. Ao lado dessa sala, a suíte que ficou comigo e com a Carmen. Depois um corredor que é também o hall de entrada, que liga com outros dois quartos, um deles imenso com janelas para os fundos, um banheiro grande, e uma cozinha também imensa, com toda aparelhagem e com janela para os fundos. Um apartamento muito bom. A proprietária, Irene, não chegamos a conhecer. 



Sacada do "nosso" ap em Lisboa

Pelas 16h resolvemos todos sair em direção ao cais do porto. Nosso primeiro evento turístico foi tirar uma foto da Basílica da Estrela que ficava bem próxima de nossa hospedagem. Mas não paramos para detalhes. Depois percorremos o Jardim da Estrela, que é uma praça muito agradável, e passamos pela Assembleia da República, onde trabalha o primeiro ministro. Um taxista nos diria dois dias depois que ali era "casa de ladrões". Caminhamos bastante, procurando nos orientar com mapas turísticos. Chegamos às ruas próximas ao porto e continuamos sem pressa e sem maiores preocupações. Pegamos a 24 de Julho e paramos para descansar e fazer lanche na Praça do Comércio, numa loja da rede Pingo Doce, rede que já havíamos experimentado na cidade do Porto. Como o final de tarde se aproximava, resolvemos procurar o restaurante João do Grão, na Baixa, recomendado por um amigo de Florianópolis que encontramos no cruzeiro. Nessa procura percorremos ruas repletas de restaurantes, com ataques constantes de garçons que disputavam turistas. Localizamos o restaurante e realmente, a comida é muito boa. Como o Ronney e a Ivone participam de degustações de vinho na Inglaterra, a escolha dos vinhos era com eles. Quando saímos, a noite estava fria. Logo procuramos um táxi na Praça Pedro IV e rumamos para o apartamento. A sexta-feira agonizava e a caminhada fora longa. Estávamos todos precisando de descanso.




Assembléia da República



Em Lisboa, com Ronney e Ivone


Sábado de manhã resolvemos sair, pegar o bonde 28, e tomar café no centro. Acontece que, curtindo a viagem de bonde, que nos dava saudades do nosso tempo em Porto Alegre, acabamos passando da área central e deixamo-nos levar até o final da linha. Retornamos com outro bondinho que agora, nos deixou nos altos do Castelo de São Jorge. Puxando conversa com um condutor do bonde, esse disse que os bondes existentes em Lisboa têm sua origem com os bondes de Porto Alegre. Citou inclusive a Companhia Carris como modelo para o sistema de bondes de Lisboa. Fiquei surpreso. Como também nos deu algumas dicas sobre o local, agradeci e descemos. Já passava das 10h e estávamos famintos. Percorremos algumas vielas sem que achássemos uma cafeteria que nos agradasse. Mas depois de algum tempo, concluímos que teríamos de entrar em qualquer uma. Por sorte, encontramos uma lanchonete com uma entrada minúscula que nos pareceu aconchegante. Apesar da falta de espaço, era bem organizada, limpa e o sortimento de doces e salgados muito bom. 




Uma decoração quase ao lado da nossa lanchonete



As vitrines de doces sempre são atraentes em Portugal. Nessa foto todo mundo ainda está com fome.


Prontos para enfrentar o dia, entramos no espaço do Castelo de São Jorge, localizado num lugar elevado, donde se tem fantásticas vistas da cidade e do Porto. 




Turistas e a cidade de Lisboa







Quem decifra esta foto?



Imagens no Castelo de São Jorge


Exploramos todos os recantos do ambiente e quando saímos, já começamos a planejar onde almoçar. Isso porque sabíamos que estávamos longe do centro e no alto. Decidimos ir a pé para curtir as edificações antigas. A Carmen contou 139 degraus na escadaria que descemos - uma das tantas possíveis - caminho necessário para alcançarmos a Baixa, onde concentram-se restaurantes. Dezenas de fotos foram batidas nessa caminhada. Alcançamos a Baixa. Passeando, encontramos uma confeitaria, a Confeitaria Nacional, com atraente vitrina, o que nos motivou escolhê-la para fazermos nosso lanche. Já dentro, vimos que havia um andar superior com buffet, mesas e cadeiras disponíveis. Acomodamo-nos e lanchamos. Depois, saímos à procura da Confeitaria Suiça, famosa pelos pasteis de nata, e do Restaurante Café Nicola. Localizamos os dois e aproveitamos para comer nossos primeiros pasteis de nata. 




Na Confeitaria Suiça - Pasteis de Nata



Portas da Estação Rossio


Retomando a caminhada, fomos à Estação Rossio, donde partem trens para diversos lugares. Esta estação também é toda decorada com pinturas variadas. Andamos pela Avenida Liberdade e vimos que estávamos relativamente próximos do Jardim Botânico. Tratamos de achá-lo e, sendo a entrada de 1 euro, resolvemos visitá-lo. 




Entrada do Botânico


Jardim Botânico


Um passeio em qualquer jardim botânico sempre é agradável e esse não foi diferente. Visitamos um viveiro de borboletas portuguesas que, infelizmente, estava com míseros exemplares devido à estação do ano. Os caminhos sombreados eram também íngremes, nos obrigando a subidas e descidas. As plantas não estavam identificadas, o que foi lamentável. Saímos do Jardim Botânico e a tarde ia adiante. Chegamos próximos ao elevador do Carmo, e verificamos que custava 5 euros para utilizá-lo. Como não havia necessidade e nem interesse, além duma fila enorme,  voltamos ao calçadão da zona alta e achamos a Cervejaria à Brasileira, onde nos sentamos numa mesinha na rua e saboreamos refrescantes cervejas. 





Ao nosso lado, um desses artistas que caçam níqueis na rua, demonstrava sua competência, equilibrando-se com uma mão sobre uma barra vertical, fora da linha de gravidade. Enquanto ainda estávamos lá, ele desmontou seus instrumentos sob uma lona de cobertura, que impedia os pedestres descobrirem o seu "segredo". Descemos para a parte baixa, jantamos no Restaurante Marisqueira e tomamos um táxi para o apartamento, para o merecido sono.


No domingo, os quatro já estavam dispostos a enfrentar outra maratona. Fizemos nosso desjejum na Cafeteria A Tentadora, da rede Nicolla, que ficava perto do nosso apartamento. Em seguida, tomamos um táxi e rumamos para Belém. O motorista, seu Jerônimo, nos pareceu confiável e acabamos acertando para que ele fosse nos pegar, tanto na segunda-feira, Ronney e Ivone, como na terça, eu e Carmen. Isso depois se concretizou. Primeiro ponto visitado: Torre de Belém. 








Escadinha do congestionamento. Tem um pé ali.




Exploramos todos os seus recantos, inclusive observando o rinoceronte esculpido num dos cantos externos do edifício. O curioso na visita é a escada que leva às áreas superiores: em espiral e com espaço apenas para uma pessoa. Ou seja, se há gente descendo, ninguém sobe e vice-versa. E não tem guarda de trânsito. Tem de ser na base da gentileza. Dali, caminhando, chegamos ao Monumento Padrão dos Descobridores, monumento grandioso à beira do rio Tejo e que pode ser visitado. 











Como já passara muito tempo, resolvemos fazer um lanche e escolhemos uma lanchonete próxima ao monumento. Nos instalamos e acabamos fazendo uma boa refeição. Logo estávamos prontos para subir no monumento, o que realmente fizemos. Em seguida, atravessamos a Avenida da Índia e visitamos o Museu da Marinha. Confesso que eu esperava encontrar caravelas ou modelos na mesma escala das que viajavam por volta de 1500. Mas não foi isso que encontramos. Centenas de modelos reduzidos de diversos tipos de navios num ambiente e dezena de outros, em tamanho natural, em outro ambiente. Valeu pelas peças ali expostas, mas confesso um certo desapontamento.






 Saímos dali e fomos ao Mosteiro dos Jerônimos, esse dono de maravilhosos ambientes. Percorremos todas as dependências e até assistimos parte de missa de primeira comunhão que ocorria na igreja principal. 













Saímos do Mosteiro e  fomos a uma das grandes atrações de Lisboa: a Confeitaria Pasteis de Belém. Conseguimos lugar para sentar e saboreamos com toda a calma os deliciosos e famosos pasteis de Belém, que nada mais são do que   empadinhas com massa folhada e um creme de baunilha dentro, este tostadinho pelo forno. Claro que a massa folhada é sequinha, tenra, deliciosa, e o creme então, mais delicioso ainda. 






Aquele prédio com toldo azul é a Confeitaria Belém.


Cumprido o programa em Belém, tomamos outro táxi e fomos até os altos do Parque Eduardo VII. Tiramos várias fotos e descemos os caminhos do parque até o monumento do Marquês do Pombal, onde tomamos ruas paralelas à Avenida da Libertada, nominalmente Rua de Santa Marta que depois muda para Rua de São José. Paramos numa pequena área onde aglomeravam-se bares e restaurantes. Tomamos cervejas comodamente sentados enquanto procurávamos com o auxílio do tablet do Ronney locais para jantar. Bem na nossa frente estava a Casa de Alentejo, um ponto turístico da cidade. Resolvemos examinar o local que abriria naquela hora, ou seja, 19h. A Ivone se dispôs a olhar o local por dentro. Ao voltar disse que agora se lembrava de que já estiveram ali há doze anos atrás. Resolvemos todos entrar e conhecer as instalações. Ficamos surpreendidos com a beleza do local. Realmente faz jús à fama que tem. Admirando e fotografando, acabamos ocupando uma das mesas do salão de jantar e ali ficamos. 






Casa de Alentejo - ala do restaurante


Valeu a pena, pois todos gostamos da comida. Ao sairmos, nos vimos próximos da Praça Pedro IV, nossa conhecida dos dias anteriores. Fomos até a Estação Rossio tentar fotografias noturnas e, feito isso, consideramos encerrado o programa de Lisboa, tomamos um táxi e fomos para o apartamento.

Na segunda de manhã, fomos tomar o nosso café da manhã no A Tentadora, e depois o Ronney e a Ivone embarcaram num táxi rumo ao aeroporto.


Ficamos eu e a Carmen sozinhos novamente. Tivemos dias de muita atividade, maravilhosos, e agora precisávamos de programa mais ameno, sem muitas caminhadas, até para enfrentar o que vinha pela frente: o despertar às 3h00 na manhã seguinte e um dia inteiro de viagem até Nova Iorque. Ocorreu-nos de ir a Sintra, vilarejo do interior com algumas atrações. Pegamos um táxi e fomos até a Estação Rossio. Compramos os tickets e em 40 minutos estávamos em Sintra. As viagens de trens são ótimas. Os carros são bons e confortáveis. Sintra tem um centro histórico, onde o principal ponto é o Palácio Nacional, mas abriga também muitos museus e casas de cultura. 




Ao fundo: Palácio Nacional e ao lado, um intruso







Nós em Sintra



Imagens de Sintra


Depois de andarmos pelo centro, resolvemos ir até o Castelo dos Mouros, que fica a 500m do centro. Saímos e fomos subindo, primeiro pelas ruelas da vila e depois, por parte da estrada que vai a São Pedro de Penaferrim, outro vilarejo próximo. Em certo ponto, se sai da estrada para pegar uma viela asfaltada, tudo em subida, até chegar ao caminho de pedras que leva ao Castelo. Quando estávamos para iniciar esse caminho, já com a língua de fora pelo esforço dispendido, encontramos uma senhora perguntando se sabíamos onde encontrar um carro para levar seu marido à cidade. Logo atrás vinha ele, bufando, cara pálida, amparado por um argentino possante que voluntariamente se ofereceu para auxiliá-lo. O senhor alto e magro, enfatiotado, estava quase desabando. Tentei ajudá-lo, mas ele disse que já não precisava, e realmente estavam próximo da pequena casinha que ficava no início do caminho. Perguntamos ao argentino se valeria a pena subir, e ele disse que nós subiríamos tranquilamente. Depois daquela cena nosso ânimo meio que murchou, mas mesmo assim, fomos adiante. E sobe. E sobe. E falta pouco. E sobe. Não contamos os degraus, mas pela Santa Bárbara, eram muitos. Uma jovem turista eslava estava pelo caminho e de vez em quando conversávamos. Ela não aspirava entrar no Castelo, mais por causa da despesa. Mas estava disposta a subir até onde desse. E fomos subindo, em zigue-zague. 




Paradinha na subida ao Castelo dos Mouros. Vamos continuar?


Para encurtar conversa: chegamos lá na portaria das muralhas, olhamos para dentro e vimos que havia ainda muiiiiiiitos degraus a subir internamente para chegar no topo. A gente podia ver as pessoas lá no alto, atrás de bandeirinhas de guias-turísticos. Pareciam formiguinhas aqui de baixo. E ainda tínhamos de pagar cerca de 11 euros cada. Nos olhamos e reconhecemos que já havíamos feito até demais para quem queria excursãozinha light. E iniciamos a descida. De vez em quando víamos gente perdida. Um casal que ia na nossa frente na descida, numa certa forquilha, pararam e decidiram ir para a direita. Nós fomos pela esquerda. Por quê? Talvez porque achamos que parecia descer mais depressa. Depois de caminharmos bastante, os dois apareceram atrás de nós. Tinham pegado um atalho mais longo. Chegamos em baixo, exploramos os recantos da vila, escolhemos um restaurante simpático para almoçar e depois, decidimos voltar para Lisboa para evitar eventual fluxo gigante de turistas mais tarde.




Almoço gostoso ao ar livre em Sintra


 Chegamos na Estação Rossio pelas 16h. Resolvemos comer os últimos pasteis de nata na Confeitaria Suiça. Lembramos do Ronney e da Ivone que àquela hora já deveriam estar em Leicester envolvidos com suas atividades. No dia anterior estavam conosco saboreando essas delícias portuguesas. Tomamos um táxi, demos adeus à Praça Pedro IV, e rumamos para o apartamento. À noite, fizemos nosso lanche final na A Tentadora. Entrei no site da Delta para fazer o check-in e havia uma mensagem mais ou menos assim: "Houve uma alteração no seu voo. Uma das conexões não poderá ser feita. Solicitamos entrar em contato com nossas agências locais". Nós não tínhamos telefone. Decidi fazer de conta que não tinha lido a mensagem e fomos dormir cedo. Se é para começar um estresse com os voos, que comece lá no aeroporto, e não antes de uma noite que precisa ser boa.

Despertamos às 3h00 e às 3h30 em ponto o seu Jerônimo estava na porta do prédio. Chegamos bem cedo no aeroporto e fizemos check-in nas máquinas ajudados por uma funcionária da Delta. Ninguém falou em alteração de voo ou qualquer coisa do tipo. Concluí que tudo não passou de preocupação de computadores... Estávamos prontos com uma hora de antecedência. Fomos procurar uma lanchonete para tomar café e deparamos com a única no local em funcionamento, mas com dezenas de chineses dormindo pelas mesas, cadeiras e chão. Conseguimos descolar uma das mesas em que um elemento dormia. Ele nem viu. Pegamos duas cadeiras e nos instalamos. Mais tarde mais gente chegou e aos poucos os chineses começaram a se acordar com o movimento. Já no avião, falei com uma aeromoça que eu tinha um problema. Prontamente ela veio sentar-se ao nosso lado e explicamos que tínhamos uma conexão muito apertada em Paris. Apenas 50 minutos para sair e procurar o terminal donde sairia o avião para Nova Iorque. Ela sintonizou no problema e dentro de minutos veio com um mapa do aeroporto Charles de Gaulle e explicou-nos direitinho o que precisávamos fazer, garantindo que teríamos tempo suficiente. Em vez da Delta, quem nos transportava era a Air France. Serviram um café da manhã excelente. Desembarcamos, seguimos a sinalização, caminhamos bastante, mas finalmente chegamos ao portão de embarque com o embarque já em andamento. Deu tudo certo. Ufa!!! Agora classifico as viagens aéreas em com emoção e sem emoção. As com emoção são aquelas em que há uma conexão com mudança de terminal e com tempo apenas o suficiente para o transfer. Ou seja, tudo tem de sair certinho, senão, perde-se o voo. As sem emoção são as que saem dum ponto e chegam no ponto final sem escalas. Fizemos essa viagem - Lisboa - NY - durante o dia. Nela tivemos dois cafés da manhã e um almoço. Na verdade foi o seguinte: levantamos às 3h00, viajamos às 6h00 para Paris num voo de 3 horas, depois de uma hora embarcamos em Paris para Nova Iorque num voo de 9 horas, chegando nessa última às 13h00 (de NY). Ou seja, envolvidos cerca de 16 horas com deslocamentos e voos. Isso sem contar que só entramos no Hotel Pennsylvania às 15h00. O resultado foi que, quando comemos umas pizzas (para mim excelentes, mesmo que sejam simplesmente mussarela e molho de tomate) na Penn Station e saímos para passear em NY estávamos num bagaço que quase não aguentávamos em pé. Mesmo assim fomos até Times Square, sentamos nas cadeirinhas dos passeios, tiramos fotos e voltamos. Fomos dormir cedo. No outro dia, levantamos cedo, mas só saímos pelas 9h00 a caminhar pelas ruas de NY. Batemos foto em frente ao ex-edifício da Sissa,




 entramos em lojas, farmácias, passeamos pelas ruas centrais e pegamos o trem para Niskayuna às 13h20, conforme programado. Às 16h15 estávamos com a Deca, o Gabriel e o Lucas que foram nos esperar. Como é bom chegar na estação de trem de Schenectady, descarregar as bagagens e poder abraçar os três que sempre nos recebem.

FIM DA SEGUNDA ETAPA.

TERCEIRA E ÚLTIMA ETAPA.


2013-05-15 - Niskayuna.

Estas duas últimas semanas das nossas férias foram as mais tranquilas, aliás, como era de se esperar. Já não era mais preciso realizar caminhadas obrigatórias sob pena de se deixar de ver lugares turísticos importantes, quando o tempo era fator crítico. Estávamos agora em casa, sem pressa, apenas para curtir filhos e netos. Foram duas semanas agradáveis, nas quais compartilhamos casa, comida, gatos e tudo mais com os nossos "americanos". 
A Deca se esmerou em nos levar a todos os lugares que já conhecíamos e que ela sabe que gostamos de ir. A vó pode visitar todas as lojas nas redondezas, como sempre procurando coisinhas para levar para amigos e familiares. 
Nos acomodamos no quartinho do basement, já tão familiar, e que nos proporciona um friozinho gostoso, que convida puxar cobertinha extra. Realmente é uma delícia dormir um bom sono ali.



Minha vista quando sentado no lugar do travesseiro

 Eu levantava cedo todos dias, antes até do pessoal da casa, e aproveitava para fazer uns alongamentos e, de vez em quando, caminhar pelas ruas desertas e calibrar o relógio que a Sissa me deu de presente. Num desses dias avistei um coiote vagando pela rua. Quando me viu, estacou um momento para observar quem eu era, e vendo-me andar, fugiu. Outro dia, pela manhã, eu e a vó caminhando pela River Rd, avistamos outro coiote, que atravessou correndo a rodovia. Não eram o mesmo, pois tinham tamanhos diferentes.

Durante nossa estada, observamos muitos pássaros no quintal. Todos procurando pegar alguma semente do pote especialmente colocado para alimentá-los. Os que mais chamam atenção são, cardeais, Blue-Jays, pombas, robins, beija-flores, e pardais. Isso mesmo, pardais idênticos aos de Floripa também lá vivem. Talvez tenham casacos mais grossos para enfrentar o frio do inverno. Mas há outros, amarelos, cinzas, azulões, cujos nomes não recordo ou não sei. O Gabriel sabe todos.




Desta vez não vimos veados. E também vimos poucos esquilos e coelhos. Eu diria mais coelhos do que esquilos. A marmota só a vi de longe, por trás dos capins. 

No entanto, conhecemos os dois novos habitantes da casa, Solis e Mani, duas brancuras espertas, gordas e satisfeitas, e que não se cansam de pedir para dar uma saidinha de casa, o que ninguém permite. Malvadeza.
Uma coisa que nos deixou satisfeitos foi ver a viçosidade da cerejeira que ajudamos a plantar há algum tempo atrás. Está cheia de pequenos frutos. Tomara que possam amadurecer. Gostaria de prová-los, mesmo sendo do tipo azedo. Também a horta está com aspecto de bem cuidada. Felizes dos coelhos e dos outros bichos que vivem por perto e que aproveitam a produção....




Eu e a vó pudemos encher o refrigerador de coisas não comuns na casa, mas que nessas ocasiões são recebidas com maior tolerância "porque o vô e a vó estão aí". Então aparece no refrigerador, salsicha defumada, refri, etc. e fora dele doces melecosos, amendocrem, e outras delícias. Comprei queijo tipo briê sei de gente que gosta muito disso também.

Pude jogar tênis com todo mundo e também ping-pong. A gurizada está melhorando no tênis. Sai jogo. 
Também participei da corrida de aniversário de Niskayuna, de uma milha, na qual só não ganhei porque, bem, porque não conhecia bem o trajeto e a longitude do Hemisfério Norte me atrapalhou. Aliás, cheguei junto ou perdi para um pai que levava o filho no carrinho de bebê. Também, quando a corrida estava no final, e eu correndo pau a pau com uma menina de uns 7 anos, loirinha com rabo de cavalo, ela ligeiramente na minha frente, eu disse para ela "puxa, como você corre rápido. Eu nem consigo te alcançar". Ela gostou e tentou acelerar o passo. Não me lembro, mas acho que me ganhou.  Cruzei a linha de chegada e ganhei certificado! Quase todos os demais corredores já estavam lá me esperando!
A vó, por sua vez, desde a chegada, enredou-se com o seu novo brinquedo, o tablet, e pode-se dizer que em pouco tempo já dominava completamente a máquina.



Vó, sabendo que está sendo fotografada

Notamos que os guris, principalmente o Lucas, estão salpicando de inglês o português falado em casa. Isso é natural, pois conversam, xingam, brigam em inglês no colégio e evidentemente isso vem para casa. 
Vimos e ouvimos Gabriel e Lucas tocarem seus instrumentos. Ambos estão de parabéns. O Gabriel vimos inclusive uma apresentação sua com a orquestra a que pertence.
O Lucas, em duas ocasiões, mostrou que continua a tocar muito bem piano. Gostamos muito de ouvi-lo tocar e até gostaríamos de tê-lo escutado mais vezes. 
Uma coisa que particularmente gostei de fazer, foi de procurar os dois geocaches elaborados pela família Kammer. O do Gabriel é muito engenhoso. Acho que muita gente vai querer imitá-lo ou inventar coisa semelhante para também ter destaque.
Gostamos de ver também que Gabriel e Lucas são vorazes leitores. Isso é muito bom. Tomara que continuem assim.
Desta vez não sobrou grama para eu cortar. Quando chegamos, a grama havia sido cortada há poucos dias e, num dos dias que antecederam nossa saída, o Leonardo apareceu fazendo todo o serviço. Quem sabe na próxima eu consiga me antecipar.  
Compramos algumas flores para complementar as que a Claudia já tinha nos vasos das janelas, mas achamos que compramos poucas. De qualquer forma, melhorou. Quando se pensa nas janelas, vem à memória a imagem dos gatinhos atrás das telas, olhando o que os humanos fazem na rua e aguardando que retornem para dentro de casa. 




Este ano não vimos ninhos de robins no deck dos fundos. A Deca diz que talvez seja por causa da presença dos gatinhos na janela do banheirinho do sub-solo. 

No dia 27 de maio saboreamos um delicioso churrasquinho saído da churrasqueira a gás do deck. Os champignons ( mushrooms ou chapéus de cobra ), marcas registradas dos churrasquinhos da Deca e do Leonardo, como sempre, estavam saborosos. O peixe, os filezinhos de carne e frango também estavam deliciosos. Quase faltou! Nessas horas os elogios têm de ir ao assador. Parabéns.




O destaque culinário da temporada foi o ensopado de frutos do mar preparado pela Deca. O molho ficou melhor do que os que são servidos nos restaurantes. Todo mundo elogiou. E olha que ela disse que faltaram alguns ingredientes. Imagine-se como não ficará quando tudo estiver na medida certa.

Sempre quando vamos a Niskayuna eu compro pão de trigo o que não é usual na casa dos Kammer. Eu sempre achei o pão de trigo de Niskayuna com casca muito dura, diferente do pão feito aqui em Floripa e mais particularmente, no Ricardo. Pois desta vez encontrei um pão de trigo que quero gravar o nome: tipo Viena. Esse é mais parecido com o nosso daqui. Mais macio e mais delicioso.
Tive sorte com minhas compras: dois blusões em liquidação e detalhe: na hora de pagar no caixa, os preços cobrados foram menores do que os anunciados nas prateleiras. E também um sdcard de 16GB por 15 dólares. No dia seguinte, estava já por 30. Entenda-se! 
Num dos fins de semana, fomos à feira em Schenectady. Era um dia com um pouco de frio, mas mesmo assim a feira estava animada. Foi bom ver o pessoal das granjas com seus produtos. Comprei dois pães que se revelaram muito bons. No mesmo dia e local, eu e a vó caminhamos pelo calçadão de Schenectady e tiramos algumas fotos. 




Eu e a vó, por engano, compramos cerveja sem álcool no supermercado e surpresos verificamos que ela tem sabor muito parecido com o das cervejas normais, fato que nos motivou renovar o estoque enquanto estávamos lá. Agora vamos comprar algumas latas para termos no nosso refrigerador aqui em Floripa. Mas os genros podem vir tranquilos que teremos algumas alcoolizadas.

Desta vez fomos a um restaurante japonês onde o cozinheiro dá show frente aos clientes. Ponto alto do show foi a chama sobre a chapa, o que sempre deixa todos focados e atentos ao que se passa em frente. Também o lançar dos pedaços de verdura à boca dos clientes foi um evento inusitado, que eu ainda não havia presenciado em nenhum lugar. Detalhe: cada um recebe ração idêntica. Ninguém é privilegiado. Outro detalhe que marcou: a bolinha que vai dentro das garrafas de refrigerante. Também eu nunca havia visto algo assim em vasilhames de bebidas. Em tempo: consegui apanhar com a boca o pedaço de verdura lançado pelo cozinheiro. Ponto para mim.




Quando a gente está na casa da Dequinha, sempre tem aquela contagem regressiva que aponta o inevitável dia da partida. E essa data, desde o início, está sempre claramente estabelecida lá no fim da estada, como um ponto final bem destacado. Não há como escapar. Vai acontecer. E chega-se nela rapidamente. Num abrir e fechar de olhos, estamos na porta da van que nos levará até o aeroporto. 
É a hora em que, irremediavelmente, quer se queira ou não, aflora um pouco de emoção. Ali a gente se despede sabendo que deveremos esperar muitos dias para que estejamos juntos novamente. Alí tem início a saudade. Por mais que se tome a resolução de se enfrentar essas despedidas de uma forma natural, sempre ficamos tocados pelo momento da separação. As coisas são assim conosco. Sempre foram. O que fazer, não é mesmo? Quando se parte, se pensa tomara que essas datas se repitam muitas e muitas vezes ainda, tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, ou mesmo em qualquer outro lugar. 
O vó e a vó sabem e percebem as mudanças que ocorrem com o crescimento dos netos. Com o tempo, a terna fantasia que eles têm conosco tenderá a esvair-se. Quando? Ainda não se sabe, mas não falta muito. De repente, eles estarão jovens adolescentes, com outras ideias, um mundo diferente, cheio de desafios, que nada tem a ver com as ideias dos avós. Aos poucos os laços, tão fortes ainda hoje, vão fragilizar-se, e o contato e a comunicação conosco tornar-se-ão mais difíceis. Estamos conscientes e por isso essas visitas são extremamente valiosas e queremos aproveitá-las ao máximo. Quanto ainda durarão?

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